sábado, 9 de abril de 2011

AI, PORTUGAL, PORTUGAL ! - QUE PRESENTE ! QUE FUTURO? (1), por Carlos Morais dos Santos

Parece que Portugal se mantém num “presente já passado”, quando é preciso debater e implementar as vias que conduzam a um Portugal que se coloque no “futuro, que já está presente”. Isto deveria ter sido o lema levado muito rigorosamente a sério quando Portugal reconquistou a democracia em 1974, mas 37 depois persiste ainda uma atávica inércia na “cultura” de hábitos, comportamentos e visão das lideranças portuguesas – políticas e institucionais que parece amarrar Portugal a muitos aspectos ligados mais ao passado que ao futuro.
Mas se, desde logo, a partir de 1974, a penúria em que o país se encontrava, por um lado, e as complexas relações políticas inter-partidárias e um acentuado desmantelamento das estruturas económico-empresariais, por outro lado, podem justificar alguma incapacidade de o país se virar para o futuro, já se explica mais dificilmente que, sobretudo, a partir da adesão de Portugal à então designada CEE, em 1 de Janeiro de 1986, esse espírito de “visão estratégica de futuro” não tenha sido cultivado e colocado em prática, na política, nas instituições, nas empresas, nas escolas e universidades, enfim, é difícil justificar que, a partir de 1986, “empurrados” por uma Europa desenvolvida e pelas colossais quantidades de dinheiro que a CEE/EU doou a Portugal para que este aplicasse bem nos vários Programas de Desenvolvimento, regional, sectorial, saúde, educação, infra-estruturas, etc., de modo a que o país pudesse alcançar a coesão económica e social atingindo os índices médios da EU.
Todavia, volvidos 25 anos, após a adesão à CEE/EU, Portugal encontra-se numa situação estrutural que ainda o coloca, objectivamente, numa posição em que os atávicos comportamentos e atitudes, os modos de estar e ser, em geral, mais caracterizam um país que, em muitos aspectos, parece estar ainda preso a um Presente-Passado, refém de um “sebastianismo” mitológico, olhando para trás, na esperança de que tudo se resolverá e as grandes mudanças acontecerão, pelo comando messiânico de um “novo D. Sebastião, que há-de romper o denso nevoeiro da “miopia da visão dos portugueses para o futuro”, curar o nosso “saudosismo psico-patológico colectivo”, atávico, e ressurgir como um cavaleiro reluzente de esperança e fé, nosso guia espiritual e político que ao brandir sua espada flamejante, finalmente, quebrará a inércia de séculos e, aos gritos de “carregar em frente”, em cima de seu cavalo branco, conduzirá bravamente Portugal, com todo o povo correndo para o futuro atrás do galope do corcel do nosso “salvador – guia que nos há-de, enfim, abrir os largos e brilhantes portões do futuro adiado.
Se, por uma lado, os líderes políticos que, em monótona e pouco esclarecida visão, se vão revezando numa rotina de rotações do poder, mais preocupados com os interesses partidários e pessoais de modo a assegurarem a conquista e reconquista do poder nessa roda de alternâncias, explica, mas não desculpa nem desresponsabiliza ninguém, pela deriva e afastamento de Portugal da desejada coesão económica e social, de que o país, ao invés, mais se vai distanciando da própria Europa e se, por outro lado, os portugueses têm, pacifica e tolerantemente, “engolindo as justificações” de que as cada vez mais gravosas situações em que nos afundamos são diagnosticáveis pela vitimização recorrente de sucessivas crises conjunturais, externas e internas, torna-se agora já impossível, mesmo para os cidadãos menos informados e politizados, esconder que a grave situação a que Portugal chegou resultou de 37 anos de desgovernação, que só em parte é que resolveu as questões estruturais de base, e esboçou algumas dinâmicas de desenvolvimento de áreas avulsas, não agregadas, sequer, a um “Plano Global Estratégico e Integrado” sustentado numa visão estratégica de futuro a longo prazo.
Só a mobilização e o empenhamento total da nação em torno de um alargado consenso nacional claro, visível e compreensivo, que toda a nação compreenda e assimile como um “Grande Objectivo Nacional, operacionalizado a partir de um Plano Estratégico Integrado, regionalizado e sectorizado, a prazo, que determinaria todas as reformas estruturais e as “Áreas-Chave de Desenvolvimento Estratégico” que todos os governos dos partidos das alternâncias teriam de prosseguir, como inalienável compromisso patriótico, é que pode libertar as forças e energias, a imaginação, a criatividade e a inovação, que conduziria dinamicamente a nação toda inteira para esse “Futuro – Presente” que, finalmente “cumpriria Portugal”, como reclamava Fernando Pessoa.
Estando agora Portugal já afundado em ruínas e desvios do que deveria ter sido a rota certa da sua navegação, torna-se urgente e importante que, “em desespero de causa” se promova, finalmente, uma irrecusável coesão concertada entre todas as “Forças Vivas” da Nação (Políticos, Empresários, Intelectuais, Cientistas, Especialistas, Pensadores, Professores, Técnicos, Representantes das Forças Sociais, Grupos de Intervenção de Cidadania, etc.), sem complexos, sem “clubismos”, em debates alargados, mas objectivos e substantivos, cujas sínteses de conclusões, deverão levar à elaboração de “Planos Imediatos de Contingência”, a curto prazo, e a “Um Plano Estratégico Global Integrado”, com objectivos qualitativos claros, nos planos sectorial e regional, a atingir  a médio e a longo prazos.

Entretanto, o alto nível de endividamento de Portugal, da Grécia, da Irlanda, da Espanha e, em escalas menores, de outros países da EU, têm encontrado menos solidariedade no esforço e apoio à sua coesão económica e social do que seria esperado e, ao invés, tem evidenciado o quanto a EU não conseguiu erguer-se com independência e unidade suficientes, para se constituir, como era o seu desígnio inicial, como exemplo para o mundo, como alternativa social e humanistamente superior e mais elevada, à perversão do Capitalismo Financeiro Neo-ultra-liberal.
Este Capitalismo de Casino, que visa as presas mais frágeis (países, instituições, bancos, pessoas) para as atacar através de jogos bolsistas em que tão rápido inflacionam as bolsas e os títulos, como logo a seguir os deflacionam, obtendo colossais extorsões na venda, como logo mais tarde na compra, abalando as Bolsas de Valores e os sistemas financeiros normais, arrastando os países para situações de falência, para logo depois voltarem a surgir por detrás dos Fundos de Investimento, do FMI, do Banco Mundial, sempre bem assessorados pelas suas próprias mercenárias Agências de Rating que, ora validam atribuindo altas notações a esses “papeis - productos financeiros falsos”, para operações de venda, ora  invalidam atribuindo notações negativas, para nutrir colossais ganhos extorquidos, nas operações de compra, para revenda em alta, mais tarde, novamente em valorizações artificialmente inflacionadas.
Esses “Novos produtos financeiros”, engendrados por sofisticadas “engenharias financeiras”, na maioria dos casos já nascem como não representativos do valor das empresas, mas baseados em obscuros, complexos e hiper inflacionados “produtos financeiros” inventados pelo delírio ganancioso dos fazedores de fortunas rápidas oriundas das operações em larga escala de compras e vendas desses “papeis”, que já nada representam como ligados a activos patrimoniais que vinculem “garantias reais” desses “papeis-produtos financeiros tóxicos”, como é o caso do desvario criminoso de verdadeiros “serial Killers” que, a partir das Bolsas dos EUA, principalmente de “Wall Street” causaram verdadeiros “tsunamis” que se espalharam pelo mundo, comprados pelos sistemas bancários e por investidores-jogadores de Casino que, a seguir venderam com a concessão de créditos indiscriminados aos seus clientes ambiciosos, gananciosos e ingénuos, causando uma hecatombe de falências e quase Bans-Rotas em muitos países que mais se expuseram comprando estes “tóxicos” que envenenaram o mundo inteiro, causando a maior fraude financeira da história, a que, eufemísticamente chamam de Crise Global.
Ora, este Sistema de Capitalismo Financeiro Criminoso tem vindo, antropofagicamente, a deglutir, primeiro a economia real, transformadora de bens e produtora de serviços e bens tecnológicos inovadores e criadores de riqueza, avanço civilizacional, bem-estar e justa distribuição da riqueza produzida, para, a seguir, esse voraz e ganancioso Capitalismo Financeiro, ultra-neo-liberal, sem responsabilidade social, sem regulação e controlo, sem ética e  sem humanismo, devorar a Política, no nobre sentido de estar ao serviço de uma “Pólis” melhor para todos, transformando essa política numa mercado negro de “vendilhões do templo”, corruptíveis, colocados servilmente sob as “Novas Ordens” corruptoras, que imanam das poderosas Centrais da Alta Finança Globalizada que, por fim, têm vindo a devorar e a substituírem-se aos próprios Estados, os quais, ao invés de saírem reforçados por uma EU, têm vindo a perder soberania e autonomia face aos outros Estados Membros mais poderosos e protegidos pelos Directórios Globais.
A própria EU, tem vindo a derivar do seu projecto solidário, ética e socialmente grandioso, e economicamente consolidador de uma saudável e progressista economia social de mercado, para ficar refém desse Capitalismo Financeiro destruidor, a quem já se liga em parcerias com o FMI, que, ao invés de ajudar solidariamente e a custos baixos os seus mais frágeis membros vítimas das grandes fraudes causadores das enormes depressões e crises, aparece a própria EU como que sub-contratada dessas grandes Centrais Financeiras dominadores globais, a impor com usurários custos e a duras penas de exigências insuportáveis a curto prazo, altos custos de serviço das dívidas dos “empréstimos de ajudas” concedidas, impondo ainda governações impostas elo FMI, liderando, aparentemente a União Europeia.
Estas situações, evidenciam o quanto já a EU também se tem afastado dos ideais de solidariedade, equidade e unidade na diversidade e do seu papel de facilitar a coesão económica e social de todos os seus membros, com os menores custos e sacrifícios dolorosos sobretudo para as classes média e baixa. Esses sacrifícios são sempre pagos pelas classes que menos margem têm para aumentar mais a “austeridade” recomendada, quando já estão na margem limite dos dos “apertos de cinto”, com o aumento de impostos, congelamento de salários já de si insuficientes, diminuição de serviços e apoios sociais, etc.
Como é evidente, as crises e os consequentes sacrifícios impostos às populações de rendimentos baixos, ou médios baixos, não alteram um milímetro do padrão de vida dos ricos que, esses, continuam a não apenas, não serem chamados a contribuir na proporção dos seus ganhos, como se faz aos assalariados, como até, em muitos casos, se alimentam e mais engrossam as suas fortunas em tempos de crise.
A projectada humanista EU forte, independente, moderna, inovadora, progressista e solidária, generosa, que deveria e haveria de desenvolver-se em torno de uma matriz social democrática, de economia social de mercado, que federasse todos os membros da EU para a edificação projectada para o futuro de uma “Federação de Estados Sociais”, modernos, que projectaria a luz do seu exemplo para o mundo, essa Nova Europa ambicionada pelos seus ideólogos fundadores, ao invés, ela própria, também ainda está longe de uma coesão económica e social.
O sonho e projecto de uma UE, solidária, que presidiu à sua criação e constituiu o grande empreendimento dos seus fundadores, não tem sido cultivado por uma burocracia gigantesca, cara, excessivamente normativa no que a cada país devia caber como margem da sua autonomia governativa e de soberania. Ao contrário, muitos dos caminhos e opções político-governativas da EU mais parecem denunciar que a EU é refém dos grandes interesses corporativos e das nações membros mais poderosas.
As “amarras” que parecem manietar a UE, têm como consequência a evidente lentidão e relutância em reagir atempadamente a crises globais, em termos de UNIDADE SOLIDÁRIA" e, nestas conjunturas adversas, perversas e ameaçadoras, como a que resulta da actual crise, até mostra tendência para se desagregar, colocando-se cada país membro como que "fora da União", cada um, egoisticamente, esgrimindo com o seu poder, entregue a si próprio, cuidando de defender  mais os seus interesses e posições nacionais, do que empenhar-se na defesa comum e na força colectiva, deixando, assim, entregues à sua sorte, os países mais débeis, a serem objecto de ataques da especulação das corporações do Grande Capital Financeiro Internacional.
Como a UE funciona agora, isto é, sem possuir "Sistemas de Defesa Monetária e Financeira Comum", tal como não tem um "Sistema de Defesa Comum", nem "Uma Política Externa Comum", sem prejuízo das estratégias nacionais, só demonstra a fragilidade da não coesão europeia, e como ela se encontra exposta às crises e aos ataques especulativos do Capitalismo Financeiro Global, sobre a sua moeda - Euro - e sobre a sua economia.

Isto, afinal, demonstra, também quanto ainda do sonho de uma VERDADEIRA  UNIÃO EUROPEIA, está por realizar, e evidencia quanto de descriminação inter-países ainda existe, colocando-se, de um lado, o grupo dos mais ricos e protegidos a seguirem a uma velocidade mais rápida e, por outro lado, o grupo dos menos ricos, a seguirem a uma velocidade menor, aumentando-se, assim, a distância e o tempo para a chamada "coesão económica e social" que, verdadeiramente, a UE não tem apoiado solidariamente.
E o percurso da UE nestes últimos 15 anos mostra bem que está mais orientada pelos "dogmas de visão contabilística e consumista" do Crescimento quantitativo (em PIB), paradigmas do Neo-Ultra-Capitalismo Financeiro globalmente dominante, em vez da prevalência ao Desenvolvimento qualitativo em “IDH - Índice de Desenvolvimento Humano”. Ao invés, parece já estar fracturada e absorvida, em parte, pelo poder do Capitalismo Financeiro.
Este capitalismo financeiro continua actuando especulativamente, a coberto das suas "mandatárias" Agências de Rating, e vão apertando como um "garrote", o estrangulamento desses parceiros europeus mais débeis, provocando, com as suas pouco credíveis notações negativas, o aumento quase diário  de juros e dificuldades de acesso ao mercado de capitais, sem base objectiva e aceitável, não permitindo, sequer, que os países em dificuldades possam beneficiar de apoios e ajudas que lhes permitam margem de manobra para criarem e  estimularem o seu crescimento/desenvolvimento económico.
Este modelo de Capitalismo, absolutamente condenado e falido, apesar da sua ainda actual dominância, representa o lado mais perverso, corrompido e frágil, não mais sustentável, que existe como opções da organização social e económica humana, e que tem vindo a servir como matriz de uma execrável concepção ideológica e modelo político, que o estado actual da humanidade e do próprio planeta não podem deixar de recusar, porque assente na prevalência do capitalismo predador e degradador que condena a justa distribuição de riqueza e promove um consumismo anti-social, não conduz ao Desenvolvimento Humano justamente acessível a todos os extractos da população,
Essa, é uma via totalmente incompatível com a urgência de implementação de um progresso baseado noutro paradigma que promova o alcance de “Índices de Felicidade” e de Bem-Estar social (e não apenas de classes privilegiadas) e reconcilie a relação equilibrada e harmoniosa entre a humanidade e o ambiente ecológico de toda a vida do planeta terra-mãe, de que somos, afinal, apenas, um dos hóspedes mais responsáveis, que não devíamos ser, como temos sido, predadores, reis e senhores da destruição.
Os países mais ricos e poderosos da UE ditam as directivas, acentuando ainda mais uma "Europa a duas velocidades", apesar de terem consentido o seu repentino e prematuro alargamento a 27 países, e vão impondo aos outros parceiros membros mais frágeis uma segunda linha de sub-europeus, a quem impõem o "jogo duro" da associação do Banco Central Europeu/BCE- Fundo de Estabilidade Europeu/FEE-Fundo Monetário Internacional/FMI.
Assim, vão ditando as regras da governação, como agora de Portugal que, colocado em situação de submissão desesperada perante os "ditadores dos financiamentos especulativos a taxas de juros absurdos do FMI, baseadas nas artificiais notações das suas parceiras-cúmplices "Agências de Rating", vão ser por eles impostos, coercivamente e de modo implacável, os mais duros sacrifícios, sem contemplações, pelos cidadãos contribuintes, famílias e empresas, fazendo sofrer as mais duras penas os que menos margem têm para aguentarem tais provações.

Poderiam ser consideradas outras formas de gestão e amortização das dívidas, mais socialmente aceitáveis, com menos danos sociais, com períodos de carência para permitir a concretização de um rigoroso Programa de  Dinamização da economia e das exportações portuguesas e, depois, começando a amortização das dívidas com prestações mais suaves, a  mais longo prazo, com juros baixos. Isto poderia e deveria ser assim se, de facto, houvesse por parte da UE um "Sistema Financeiro Comum" e "Um Fundo Europeu de Apoio Solidário ao €uro e ao Equilíbrio Orçamental", que ligados ao Banco Central Europeu, e aos Bancos Nacionais, actuassem continuamente no monitoramento, supervisão e controlo  dos Défices Orçamentais dos Estados Membros, com medidas correctivas e intervenções atempadas e não tardias e especulativas.
Por outro lado, os financiadores habituais - FMI, Bancos Centrais e Fundos Internacionais, vão impondo regras tanto mais duras e socialmente injustas quanto o estado de desespero em que os países devedores de economias mais frágeis se encontram, e não se ajudam esses "devedores", com apoios ao seu desenvolvimento e acessos a soluções programadas no tempo que permitissem irem libertando meios de amortização das dívidas, com juros socialmente correctos, e aceitando "moratórias", negociadas com justiça democrática, caso a caso.
Ao contrário, quanto maiores são as dificuldades dos devedores pagarem rapidamente as suas dívidas, mais se lhes  aperta o "garrote" com juros imorais, que aumentam drasticamente as dívidas, e menos tempo de redução e liquidação se exige, arrancando a pele aos devedores. Isto é, verdadeiramente, uma política errada, pouco ética, absurda e não solidária, que é contrária aos mais sãos princípios de relações solidárias entre parceiros iguais, mais se assemelhando às relações leoninas entre Usurários e devedores desesperados e desprotegidos, do que a relações entre membros de uma “UNIÂO EUROPEIA”.
Mas, infelizmente, não é, ainda, assim, que esta "União Europeia" pensa e actua.  Ao contrário, parece apenas orientada pelas cabeças altivas e arrogantes dos que, sendo ricos (Alemanha, França, Inglaterra, alguns países escandinavos), se julgam mais donos da Europa, que do sonho utópico desses fundadores sonhadores de uma verdadeira União Europeia, solidária, equitativamente justa e fraternalmente unida. Alguns desses países ricos e  altivos já esqueceram quanto de solidariedades e ajudas receberam, quando tiveram de se erguer das cinzas e da pobreza de que saíram, nos momentos mais dramáticos de sua história.
   
A “governação” da UE tem vindo a cometer tremendos e dramáticos erros de consequências incalculáveis que penalizaram e comprometeram, até, o futuro das nações membros mais frágeis. Lembro, a título de exemplo a desastrosa PAC – Política Agrícola Comum, que destruiu a agricultura de novos membros, frágeis e submissos, como Portugal (a EU oferecia dinheiro aos agricultores para eliminarem culturas e produções agrícolas, conduzindo esses países, como Portugal para uma situação de défice e total dependência alimentar, obrigando a elevar as suas importações dos fortes países agrícolas da EU, que impunham essas Directivas.
O mesmo aconteceu com as Políticas Comunitárias aplicadas às pescas, à marinha mercante, a muitas indústrias transformadoras, que criavam riqueza e emprego e só precisavam de inovações e melhorias de organização, gestão e qualificação do trabalho para serem competitivas no mercado global. O mesmo se passou com o desprezo a que durante muito tempo se votou o principal motor do desenvolvimento de qualquer economia moderna que é o sector das MPMEs – Micro, Pequenas e Médias Empresas, que representam 99,6% do parque empresarial português, garantem 75,2% do emprego nacional, e são criadores de 54, 6% da riqueza produzida em Portugal.
Só muito recentemente, é que parece que os dirigentes políticos finalmente “acordaram” para a importância das MPMEs, quando, antes, patrocinaram os “desvios” da maior parte dos subsídios financeiros da UE para as grandes empresas nacionais e até multinacionais, sabendo-se que estas empresas, só por si, dada a sua grandeza, não carecem de auxílios e apoios financeiros especiais, visto terem acesso ao mercado financeiro à sua disposição mas, obviamente, gananciosamente, correm para absorver todos os benefícios do “QREN – Quadro de Referência Estratégica Nacional”, que, em princípio deveria ser exclusivamente dedicado às MPMEs. E as grandes empresas nacionais e multinacionais ainda conseguem obter outros especiais benefícios fiscais e financeiros, se para tal encontram capacidade de interferirem com a governação política do estado e a dirigirem a seu favor.

Mas, sem dúvida, agora mais do que antes, Portugal precisa, urgentemente, levar essa reflexão sobre um "Presente-Futuro" a todos os portugueses civicamente empenhados, porque só assim a nação toda inteira e colectivamente comprometida é que pode libertar e erguer as suas melhores virtualidades e almejar novas e diferentes grandezas, definindo-se “Grandes Objectivos Estratégicos” para um "Desenvolvimento Sustentado", que desafiem, aliciem e mobilizem todos os portugueses a trabalharem no presente com visão do futuro, de modo a “cumprir-se Portugal”, elevando-o, novamente, à linha da frente da história do “Futuro-Presente”, como, no passado, se mostrou ser possível conseguir. 
Para isso, será importante entender-se que, hoje em dia, cada vez mais, neste mundo globalizado e  fortemente democratizado com uma ascendente força de Cidadania, a política e os destinos de um país é algo que passou a ser demasiado importante, complexo e sério, para ser deixado, apenas, nas mãos dos políticos e dos partidos, já pouco representativos e credíveis que há muito tempo abandonaram o bem da Pólis.

A decadência da representatividade dos partidos é visível nos altos níveis de abstenção em eleições. Razão porque neste Mundo Novo, de grande aceleração e transformação do processo histórico, do conhecimento, do saber, e da ascensão da Cidadania Globalizada, é necessário, urgente e importante mudar de paradigmas já falidos e debater quais devam ser os novos paradigmas e modelos de organização democrática que alargue e aprofunde a representatividade e a participação democrática mais directa e representativa que envolva o poder ascensional de uma Nova Cidadania, hoje mais informada, mais consciente e mais empenhada Global e Localmente, isto é, uma Cidadania GLOCAL.

A urgência do aperfeiçoamento da Democracia é já, cada vez mais, pressionado pelas intervenções políticas da livre cidadania em acção que, ora enchem as praças e avenidas clamando pela ruptura de velhos e falidos paradigmas, ora reclamam, através de "forças vivas de elites de cidadania organizadas", exigindo novas formulações político-económicas-sociais, e a sua participação directa na governança da coisa pública e nas transformações que busquem e abram os caminhos do Bem-Estar e da melhoria dos indicadores de Desenvolvimento Humano – IDH, mais importantes que, simplesmente os indicadores de PIB.

O eminente cientista político Peter Meir, há muito que concluiu nas suas investigações, as razões da crescente degradação Ética e Cívica dos partidos e dos políticos seus representantes, e a evidência da sua perda de representatividade e importância, causadas pelas derivas para fora da nobre função da política ao serviço da felicidade da Pólis, por se terem transformado em aparelhos orientados pelo primado da conquista do poder pelo poder, pessoal e partidário, ao invés de serem os paladinos do interesse público e pátrio que, aliás, ao contrário, secundarizam, tendo cavado um fosso de separação e incompreensão das realidades da sociedade, que subalternizam, evidenciando uma miopia atávica que já os separa, irremediavelmente, de uma cidadania que, estando cada vez mais globalizada, consciente e pró-activa, vai crescendo de importância e ameaça a hegemonia partidária, como modelo exclusivo de representatividade da nação.

E não basta mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma, como, por exemplo, os partidos convidarem para integrarem os seus colégios de candidatos a eleições, personalidades ditas “independentes”, para disfarçarem  a sua visão egocêntrica, e continuarem a perpetuar os mesmos modelos e sistemas que os alienam e afastam das novas realidades de um processo histórico em aceleração e mudança permanente, em que surgem Novas Ameaças e Novas Oportunidades de construir-se um Mundo Melhor, mais justo e equitativo.

Por isso e, sobretudo nos sistemas partidários anquilosados de monótona e repetitiva alternância, começam a despontar novas soluções cívicas e novas formações e formulações democráticas, que constituam outras vias alternativas.

Bem se justifica aquela célebre asserção de Eça de Queiroz (1845 – 1900):
  
“Os políticos e as fraldas devem ser mudados frequentemente...
e pela mesma razão.”

Continuamos submersos naquilo a que só eufemísticamente se pode chamar "Crise", quando nos estamos a referir ao que não é mais do que as consequências da mais gigantesca Fraude Financeira Global da história. E esta “crise” continua impunemente a esbulhar, por via dos ataques especulativos mais abjectos e criminosos, contra as nações mais frágeis - por atrasos endémicos, ou por desgovernos - à mercê das manobras das famigeradas “Agências de Rating”, cuja única autoridade é a de estarem ao serviço daquelas poderosas Corporações do Capital Financeiro, sem rosto e de todas as origens, em  parte, as mais duvidosas e ilegítimas.

As mesmas Corporações Financeiras que inundaram fraudulentamente o mundo com falsos "títulos tóxicos" do começo da crise dos "Sub-Prime" do sector imobiliário dos EUA, que não tinham qualquer respaldo em activos de bens reais, mas a quem estas mesmas “Agências de Rating”, serventuárias cúmplices dessas Corporações Financeiras e Bancos de Investimento/Financiamento, foram criminosamente indicando ao mundo as mais “altas notações” (AAA), que atribuíam ao “capital sórdido", que vendia lixo ao mundo inteiro, até às vésperas da "Grande Farsa" implodir, não sem antes se ter permitido que se enchessem os enormes cofres pessoais de abundantes fortunas rapinadas em pouco tempo por todos os implicados que, tendo ficado impunes, aí estão a continuar a sugar os erários públicos, aumentando escandalosamente grande parte das dívidas que a “Crise Criminosa” que engendraram causou, com a cumplicidade desses “Agências de Rating”.

Sem o menor pudor, agora, essas “Agências de Rating” estão repetindo e ampliando o crime, causando a subida quase diária de aumentos de taxas de juro imoralmente especulativas, “impostas” aos países que, tendo sofrido o esbulho da fraude anterior, mais na eminência ficam de, com tais juros sobre as suas dívidas “ilegítimas”, estas continuarem a engrossar até ao ponto em que a ameaça de uma Banca-Rota, leve esses países, como Portugal, a terem de "arrancar" aos contribuintes mais débeis, impostos e contenções salariais, que terão de suportar durante longos períodos de negras privações, enquanto às famílias e empresas privilegiadas, muitas delas beneficiárias das operações da “Gigantesca Fraude”, nenhum sacrifício se lhes pede. E lá se vai, de cabeça vergada e chapéu na mão pedir dinheiro sujo aos FMIs.

E em meio a este caos – verdadeiro manicómio – parece assistir-se a um ameaçador “Pacto de Silêncio”, entre políticos, partidos, grandes operadores económicos e financeiros que, ainda, paradoxalmente, continuam a aceitar como legítimas estas dívidas e estes juros especulativos, estes sacrifícios para quem menos pode e as isenções a quem mais explora e ganha, como, por exemplo, os Bancos, que pagam um IRC muito abaixo de qualquer MPME, e as grandes empresas e corporações, principalmente multinacionais, a quem são atribuídos os mais variados benefícios financeiros e fiscais, os quais se negam às MPMEs portuguesas, apesar de estas serem responsáveis pela maior parte da produção e do emprego nacional.    

E os "tecnocratas econometristas" e os “políticos míopes ou egoístas”, ainda persistem em falar da urgência em retomar o "Crescimento do PIB", quando, mais do que este e outros indicadores ilusórios, meramente quantitativos e visando o crescimento não sustentado, nem indutor de progresso generalizado com justa distribuição dessa riqueza “PIBESCA”, efémera, sem responsabilidade social, que só aproveita a alguns, mais interessaria obtermos sim, bons indicadores de IDH-Índices de Desenvolvimento Humano e Índices de Felicidade para a totalidade das populações.

E, assim, o reino do absurdo se vai perpetuando, através da cumplicidade de muitos políticos que, reféns de muitos favores recebidos, agem (consciente ou inconscientemente) como representantes das corporações desse ultra-capitalismo financeiro, servindo de joelhos, em bandeja, os Grandes Senhores duma poderosa Plutocracia Cleptocrata, apoiados por uma “Burrocracia” propositadamente intrincada e  lenta, para vender facilidades, em pleno quadro das dificuldades, a quem mais pagar.

Este labiríntico sistema, atrai legiões de “afilhados” dessa “Mediocracia Servil e Corrupta”, que desde cedo se tornam hábeis destruidores da utopia da Méritocracia, cujos melhores exemplares são compelidos à marginalidade c proscrição da política, onde alguns poucos, bem intencionados e verdadeiros  Servidores da Nação e do progresso ainda permanecem por algum tempo, como dignos, ilustres e honestos defensores do bem da Polis, evidenciando que o nobre sentido da Política como serviço ao bem público, ainda mantém uma nesga de esperança de que o ser humano pode ser bom e altruísta.

Outros bons e talentosos portugueses, portadores dessas nobres características, ou vão empregar seus méritos, inteligência e qualidades humanas, como professores, investigadores, empresários, especialistas, técnicos, ao serviço do nosso país ou do estrangeiro, enquanto os políticos venais se vão alcandorando fortemente agarrados ao seu falso poder, acantonados nas suas Fortalezas Apalaçadas dos Partidos, onde, afinal, não passam de Mordomos dos Grandes Senhores do Mundo.

Uma verdadeira Democracia/Méritocrata, de progresso virado para o Desenvolvimento Qualitativo dos povos e nações, deve recusar ser palaciana, deve abrir-se às “avenidas cívicas” onde se encontra a força e o vigor de uma Cidadania interventiva, disposta a forçar as aberturas dos debates criativos e transformadores, com a sua participação empenhada e comprometida com a boa governança da Pólis que procure resgatar o sonho utópico de um “Admirável Mundo Novo”, mais justo, mais fraternal e solidário, buscando alcançar satisfatórios “Índices de Desenvolvimento Humano e de Bem-Estar e Felicidade. Esse Mundo já existe, sempre em processo de melhoramento, em alguns países da própria Europa Escandinava, como exemplo de que esse tipo de sociedade e de modelo económico-social de desenvolvimento é, provadamente, realizável.

Texto  
Carlos Morais dos Santos
Cônsul da Assoc.. Internacional Poetas Del Mundo
Escritor, ensaísta, poeta, fotógrafo


MAR PORTUGUÊS (MENSAGEM)
O Infante
Fernando Pessoa

Deus Quer, o Homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a Terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma
E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a Terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.
Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez

Senhor, falta cumprir-se Portugal   
________________________________



1 comentário:

  1. Você está procurando um empréstimo? Ou você estava recusado um empréstimo por um bancário ou uma instituição financeira para uma ou mais razões? Você tem o lugar certo para suas soluções de crédito aqui mesmo! Empresa de empréstimo Elina Johnson somos limitados em dar empréstimos a empresas e pessoas físicas, a uma taxa de juros baixa e acessível de 2%. Por favor, entre em contato conosco por e-mail hoje via elinajohnson11@hotmail.com

    Dados do candidato:

      1) Nome completo:
      2) País:
      3) Endereço: a
      4) Estado:
      5) Sexo:
      6) Estado Civil:
      7) Profissão:
      8) Número de telefone:
      9) posição Actualmente no local de trabalho:
      10) Renda mensal:
      11) Valor do Empréstimo Necessário:
      12) Empréstimo Duração:
      13) Finalidade do empréstimo:
      14) Religião:
      15) Você aplicou antes;
      16) Data de nascimento;
      obrigado,
    Sra Johnson Elina

    ResponderEliminar