O ano de 2010 tem apresentado uma grande desordem climática, causando por todo o lado, em todos os continentes, cataclismos, temporais, deslizamento de terras, inundações, espalhando destruição e morte, como se a Terra estivesse gritando, protestando, desesperadamente, contra os Homens que a maltratam, a envenenam, a destroem, aniquilando os seus ecosistemas.
E os homens, além disso tudo, não contentes inteiramente com tantos malefícios que infligem à Terra Mãe, ainda a martirizam mais com guerras e se matam uns aos outros pela ganância, pela imposição violenta de sonhos de vã grandeza, pela estupidez de não saberem entender-se pela linguagem humana da palavra, julgando que a razão da força pode calar, esmagando, a força da razão.
Impõe-se à Terra e aos homens desprotegidos, a Lei do Mais Forte – a lei da irracionalidade! Por isso A Terra Grita e choram os poetas !
Choram pelo Haiti, pela Madeira, pelo Chile, pela África, pelo próximo Oriente, pelas Américas e pela Ásia! Choram pelas vidas humanas aniquiladas, pela destruição de casas, de cidades, pelo aumento dos sem abrigo, dos sem pão e sem futuro, espoliados, pela força, da dignidade humana, sofrendo a fome e a pobreza. E abrem-se mais as feridas na Terra, que sangra com as agressões impostas pela desumanidade de seus filhos mais insensatos – os Homens! Por isso A Terra Grita!
A TERRA GRITA
A Terra grita de dor, dolorida
Com feridas abertas nas florestas
e rios agonizando exangues, sem vida
e os ares envenenados com agressões infestas
A Terra grita de dor, dolorida
Com feridas abertas nas florestas
e rios agonizando exangues, sem vida
e os ares envenenados com agressões infestas
A Terra grita de dor, sofrida
vendo seus filhos morrendo, em extinção
de milhões de espécies já sem lembrança de vida
e os homens matando e matando-se sem paixão
vendo seus filhos morrendo, em extinção
de milhões de espécies já sem lembrança de vida
e os homens matando e matando-se sem paixão
A Terra grita de dor, muito sentida
com os senhores da guerra sem humanidade
que regem tudo pela ganância desmedida
sufocando a Liberdade, a igualdade, a fraternidade
com os senhores da guerra sem humanidade
que regem tudo pela ganância desmedida
sufocando a Liberdade, a igualdade, a fraternidade
A Terra grita de dor, já mal ouvida
por tanta indiferença, egoismo e demência
em que a verdade, a razão e o direito à vida
são desprezados cruelmente e sem decência
por tanta indiferença, egoismo e demência
em que a verdade, a razão e o direito à vida
são desprezados cruelmente e sem decência
A Terra grita de dor, ressentida
por não se ter construído a Cidade Ideal
por se ter escarnecido Thomas More e a utopia perdida
e glorificado a razão da força e o poder brutal
por não se ter construído a Cidade Ideal
por se ter escarnecido Thomas More e a utopia perdida
e glorificado a razão da força e o poder brutal
A Terra grita de dor, remexida
e chora os seus filhos assassinados
em tantas guerras sujas de crueldade consentida
em nome das mentiras e dos valores atraiçoados
e chora os seus filhos assassinados
em tantas guerras sujas de crueldade consentida
em nome das mentiras e dos valores atraiçoados
A Terra grita de dor, já doente e enfraquecida
arfando esmagada pelo peso das legiões
que se apressam pelos caminhos de terra exaurida
para saquearem o ouro negro das velhas civilizações
arfando esmagada pelo peso das legiões
que se apressam pelos caminhos de terra exaurida
para saquearem o ouro negro das velhas civilizações
E as poderosas bombas que mataram inocentes
em Hiroshima, Nagasaky e em Saigão
são agora “mais cirúrgicas e decentes”
são”mais livres, democráticas e solução”...
em Hiroshima, Nagasaky e em Saigão
são agora “mais cirúrgicas e decentes”
são”mais livres, democráticas e solução”...
são festejadas pelos Golias e pelos dementes
contra os David transviados sem remissão
e mesmo contra um mundo de descontentes
fala mais alto o ribombar do canhão
contra os David transviados sem remissão
e mesmo contra um mundo de descontentes
fala mais alto o ribombar do canhão
E os corações dos homens justos combatentes
pela paz, pela concórdia e pela razão
perdem a esperança e desfalecem já frementes
na utopia humanista de uma nova civilização
em que os Templos e as Obras eminentespela paz, pela concórdia e pela razão
perdem a esperança e desfalecem já frementes
na utopia humanista de uma nova civilização
glorificassem a justiça, a fraternidade a união
numa Nova Cidadania mais premente
que com amor universal fosse a Globalização
Carlos Morais dos Santos
In Sossego Intranquilo, Hugin, 2003.
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