quinta-feira, 17 de junho de 2010

Fernando Nobre alerta para "O Rufar dos Tambores da Guerra e a Fortaleza contra o Apocalipse"









Hoje, trazemos para os nossos leitores, um artigo do Dr. FERNANDO NOBRE, que consideramos de grande alcance e profundidade humanista, e que o autor publicou em seu blog - http://fernandonobre.blogs.sapo.pt - onde alerta para as principais ameaças à Paz do Mundo e define os grandes  desafios e conquistas que a sociedade humana ainda precisa alcançar, para seu aperfeiçoamento em todas as suas dimensões ontológicas, percorrendo uma via de  Desenvolvimento dos Valores Humanos, que é possível alcançar.

Trata-se de mais uma notabilíssima reflexãao desse enorme Cidadão do Mundo, grande e exemplar humanista, reconhecido internacionalmente como tal, fundador de uma das mais importantes organizações humanitárias internacionais, com grande e valiosa obra a favor dos desfavorecidos e das vítimas de catástrofes e de guerras  -  AMI - Assistência Médica Internacional - com, também, uma importantíssima obra de solidariedade social em Portugal, junto dos pobres e desvalidos.

Fernando Nobre é, sem dúvida, um dos mais "Nobres" e exemplares cidadãos da nossa contemporaneidade, quer no plano nacional quer internacional. Dotado de um enorme sentido de Cidadania Global, interrompeu uma brilhante carreira de médico, cirurgião e professor, que lhe garantiria um bem-estar social e económico privilegiado, para se dedicar a uma Missão Humanitária, que o levou a  edificar a partir de fracos recursos, uma obra - AMI - que é considerada internacionalmente como das mais respeitadas e úteis organizações de Assistência Humanitária, tendo estado, ele próprio, na linha da frente operacional de muitas Missões de ajuda no terreno, às vítimas de catástrofes e de guerras, em mais de 200 missões, em mais de 70 países.

Dotado de uma brilhante inteligência e vastíssima cultura, e também de competências práticas já demonstradas,  de  organização e lideraça, assim como um perfeito conhecimento de negociações com as mais altas autoridades de muitos países, e sendo uma personalidade reconhecida e respeitada internacionalmente, não é de espantar que Fernando Nobre se apresente, agora, como candidadto civil,  não vinculado ao sistema político dos partidos, às eleições para Presidente da República de Portugal, instado por imperativos cívicos e por muitos concidadãos que desde há muito aspiram a um Presidente da República, com tais características, que o credenciem como uma pura emanação da sociedade civil, da cidadania, absolutamente independente, e não representante dos jogos e aparelhos partidários.

Cmo  bom conhecedor das realidades portuguesas e internacionais, assim como dos rumos que Portugal deve percorrer para se erguer e afirmar no concerto das nações, tendo já demonstrado por muitas reflexões escritas e intervenções cívicas públicas, que conhece bem qual pode e deve ser o papel de Presidente da República de Portugal, Fernando Nobre é bem o exemplo de que  é possível que,  em momentos de crises instaladas não só económicas e financeiras, mas, sobretudo, sociais e de Valores Humanos. éticos e  civicamente comprometidos, com independência política partidária, se viabilize a Luz da inteligênncia, do humanismo,  das posições cívicas em prol de uma Cidadania Plena, que represente a  globalidade dos cidadãos, e se afirme como uma opção, em que um Bom Juiz e  Árbitro  da Nação pode ajudar a iluminar os caminhos da salvação colectiva, contagiando, com o seu papel pedagógico e influenciador, toda uma nação e seus mais responsáveis líderes. 

Fernando Nobre é o meu candidato, e é com orgulho que hoje aqui apresento uma de suas reflexões, inaugurando nesta Tribuna Cívica - livre e aberta a outras intervenções apartidárias, que é o PRO - CIVITAS UNIVERSALIS -  algumas intervenções que veiculem o pensamento e o projecto de Fernando Nobre. 

Comecemos pelo seu perfil e, depois, "ouçamo-lo" a propósito de suas/nossas apreensões sobre as ameaças de mais guerras, misérias e retrocessos, que impõem dramáticas consequências, sobretudo para os indefesos e desprotegidos, mas atentemos, também, nas grandes crenças de Fernando Nobre, como são também as minhas e de muitos, de que é possível, necessário e urgente, construir um mundo diferente e muito melhor, mais humanizado, menos injusto e desigual.

Carlos Morais dos Santos









Perfil:


Fernando José de La Vieter Ribeiro Nobre nasceu em Luanda em 1951. Em 1964 mudou-se para o Congo e, três anos mais tarde, para Bruxelas, onde estudou e residiu até 1985, altura em que veio para Portugal, país das suas origens paternas. É Doutor em Medicina pela Universidade Livre de Bruxelas, onde foi Assistente (Anatomia e Embriologia) e Especialista em Cirurgia Geral e Urologia.

É Doutor Honoris Causa pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa  e Académico Correspondente da Academia Internacional de Cultura Portuguesa. É membro do Conselho Geral da Universidade de Lisboa. É Professor Catedrático Convidado na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, Professor Convidado dos cursos de Mestrado e Pós-Graduação na Universidade Autónoma de Lisboa e no Instituto Superior de Ciências Policiais e Segurança Interna e conferencista no Instituto de Estudos Superiores Militares.

Foi administrador dos Médicos Sem Fronteiras - Bélgica e fundou, em Portugal, a AMI – Assistência Médica Internacional, à qual ainda preside. Participou como cirurgião em mais de duzentas e cinquenta missões de estudo, coordenação e assistência médica humanitária em mais de setenta países de todos os continentes.

Em termos associativos:
- é presidente da Assembleia Geral do Instituto da Democracia Portuguesa e da Associação Tratado de Simulambuco, da qual também é co-fundador;
- é co-fundador do Fórum para a Paz;
- é patrono da Fundação Burgher Portugal - Sri Lanka; do agrupamento nº900 dos Escuteiros de Monte Abraão, dos Escuteiros de Aveiro, da APARECE (Instituição de Apoio a Adolescentes em Risco) e da Fundação As Crianças são o nosso Futuro (Ucrânia);
- é vogal do Conselho Fiscal do CAVITOP - Centro de Apoio a Vítimas de Tortura; 
- é membro da Associação para a Promoção e Dignificação do Homem, da Real Sociedade de Cirurgia (Bélgica), da Associação Europeia de Urologia, da Associação Portuguesa de Urologia, da Sociedade Portuguesa de Autores, da Sociedade de Geografia de Lisboa e sócio do Grémio Literário;
- é membro da Comissão de Honra de Homenagem a João XXI; 
- é sócio honorário da Associação Académica da Universidade de Aveiro;
- é co-fundador e sócio do Hospital Particular do Algarve;
- é sócio honorário do Lions Clube de Portimão.

Participações civico-políticas, enquanto cidadão independente e a título individual:
- Participação na Convenção do PSD, em 2002;
- Membro da Comissão de Honra e da Comissão Política da candidatura de Mário Soares à Presidência da República, em 2006;
- Mandatário nacional para a campanha do Bloco de Esquerda ao Parlamento Europeu, nas eleições de Junho de 2009;
- Membro da Comissão de Honra da candidatura de António d'Orey Capucho à presidência da Autarquia de Cascais, em 2009.  

Ordens Honoríficas:
- Grande Oficial da Ordem do Mérito
- Cavaleiro da Legião de Honra de França
- Cavaleiro da Real Ordem da Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa
- Grã-Cruz da Ordem Diocesana de S. Tomé
- Cavaleiro da Ordem Nacional do Leão - Senegal

Confrarias e Irmandades:
- Membro da Irmandade Militar da Nossa Senhora da Conceição (Lamego)
- Grande Colar da Ordem Soberana dos Cavaleiros de Santo Urbano e São Vicente - Confraria dos Degustadores de Vinho do Dão (Viseu)
- Confrade de Honra da Confraria da Cabra Velha (Miranda do Corvo)
- Membro de Honra da Confraria das Tripas à Moda do Porto

Recebeu vários prémios e distinções em Portugal e no estrangeiro, incluindo o primeiro prémio da Associação Europeia de Urologia; a medalha de ouro dos Direitos Humanos, da Assembleia da República Portuguesa; a placa da Presidência da República do Líbano (entregue pelo General Émile Lahoud); e a insígnia de Grand Marshal do Estado de New Jersey (EUA), nas comemorações do Dia de Portugal. É Cidadão de Honra da Câmara Municipal de Cascais, Cidadão de Mérito da Câmara Municipal de Portimão, detentor da Medalha de Honra e Cidadão Honorário da cidade de Vila Nova de Gaia, Embaixador da Boa-Vontade da Ilha de Gorée (Contra a Escravatura), no Senegal e Embaixador do Condomínio da Terra.
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"O Rufar dos Tambores da Guerra e a Fortaleza contra o Apocalipse"
Por Fernando Nobre 

O título deste texto não é nenhum conto para crianças, mas também o poderia ser se o propósito fosse mostrar-lhes uma janela de esperança e impedir que repetissem os erros já cometidos pelos seus pais e avós.

A janela de esperança, efectivamente, ainda existe! Embora estreita, representa o sonho que está sempre presente em cada um de nós e que está a permitir a edificação de uma fortaleza contra o apocalipse. Essa fortaleza é constituída pelos cidadãos conscientes e informados do mundo que não abdicam dos seus valores e que por isso mesmo pugnam de forma determinada por um Mundo mais Humano, onde a Cidadania Global deverá ser uma realidade e onde os princípios éticos e morais deverão ser decisivos na tomada de decisões coerentes e de salvaguarda da Humanidade.

Nesse novo Mundo possível, a miséria absoluta, de que padece diariamente um quinto da população do Planeta Terra, seria erradicada e já só seria possível de ser vista num museu construído para o efeito, como sonha o último Nobel da Paz, o Professor bengali Muhammad Yunus. Esse museu, como o do holocausto Nazi, seria a prova viva da nossa memória colectiva sofrida, mas iluminada. Sofrida porque nos confrontaria com o facto de termos sido suficientemente inaptos e insensíveis para aceitar viver durante uma eternidade num mundo onde a “miséria assassina” vitimizava milhões de seres humanos todos os anos, qual verdadeiro genocídio silencioso e esquecido. Iluminada, porque ao conseguirmos eliminar tamanho absurdo, poderíamos enfim viver orgulhosos e felizes, pois teríamos, enfim, conseguido o maior feito alguma vez realizado pelo ser humano.

Se acabássemos com a miséria que tantas vezes me choca e humilha, daríamos um passo decisivo na caminhada para uma Paz sustentada e duradoura. Seriam depois necessários outros passos – mas disso as gerações vindouras se responsabilizariam, incentivadas pela nossa acção – até que um novo paradigma humano que impediria de uma vez por todas os desvarios presentes e os hediondos actos que infelizmente já se vislumbram, florescesse e iluminasse novos caminhos e entendimentos.
Mas de momento, infelizmente, de novo os tambores de guerra já rufam e, desta vez, anunciam-se armas atómicas!
Sessenta e dois anos depois do holocausto de Hiroshima e Nagasaki, ouve-se falar novamente, como um dado inevitável e sem possibilidade de retrocesso, da utilização de armas atómicas, desta vez com início no Médio Oriente...e fim no...

É contra esse crescente rufar ensurdecedor de tambores enfurecidos que a nossa Muralha (todos nós) se deve erguer e gritar um rotundo NÃO!

Enquanto médico humanista, pai, filho e irmão de todos os seres humanos da nossa Humanidade, peço que estejamos atentos por forma a, no momento oportuno, lançarmos em comum um grito global que imobilize os arautos da guerra espúria que desde já se preparam.

Não pudemos e não soubemos ser escutados de forma a impedir a absurda e criminosa guerra contra o povo iraquiano. Não nos é permitido voltar a falhar.  As crianças de todo o mundo e as gerações vindouras não nos perdoariam.

Desta vez, a nossa Muralha, a nossa Fortaleza, tem que conseguir travar os dois genocídios já em curso – o da fome e o da dívida (duas armas de destruição maciça, como justamente as apelida Jean Ziegler) -, mas também o genocídio que resultaria obrigatoriamente de uma deriva militar atómica. Se não o fizermos, não só destruiremos as nossas vidas, mas hipotecaremos, de forma duradoura, o futuro da nossa Terra.

Tirando esses combates tremendos, evitar um conflito atómico com contornos indefinidos e incontornáveis e pugnar pelo fim dos dois genocídios silenciosos já referidos, há ainda outras batalhas muito prementes e essenciais a travar pela nossa Fortaleza Cidadã, Cívica e Humanista.

O fim da corrida às armas, o fim dos governos corruptos e ditatoriais, a implementação de um comércio mais justo, a elaboração e aplicação de regras mais éticas, equitativas e equilibradas por parte do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial, da Organização Mundial do Comércio e do G8..., o reforço da educação e da saúde no mundo, a gestão equilibrada dos recursos do Planeta e o fim da sua mortífera poluição, o fim da exploração sexual infantil e da antiga e nova escravatura, o fim do comércio sujo das pedras preciosas, o respeito pelos Direitos Humanos, o reforço da acção, independência e transparência das Nações Unidas e de todas as suas agências, a construção de uma União Europeia mais aberta e transparente e com dirigentes credíveis, de preferência, e preocupados em escutar os seus cidadãos...

Como vêem, meus Amigos, as tarefas e os desafios – e fiquei longe da enumeração exaustiva – são hercúleos, ciclópicos! A Humanidade não precisa e não suporta mais nenhum desvario como aquele que insistentemente ouço, nos últimos tempos: um conflito atómico! Como se tratasse apenas de comer um gelado ou beber um whisky e, seguidamente, virássemos simplesmente uma página, mais uma, do livro “danos colaterais”, aberto por alguns inconscientes e incompetentes globais.

Importa encerrar este livro de cinismo e de ignomínia o quanto antes. A Fortaleza, a Muralha constituída por nós, Cidadãos Globais informados, atentos, humanistas e interventivos, pode consegui-lo. Tal será muito mais fácil e evidente se a nossa Fortaleza Global estiver alicerçada em Governos democráticos, éticos e responsáveis e em forças do Mercado Cidadãs e Solidárias.  É isso que temos que conseguir. É por esse fim que temos que pugnar! É esse, penso eu, o nosso dever indeclinável de Seres Humanos Livres e Sequiosos de Paz, em prol do Mundo sustentado que sonhamos.

Não nos esqueçamos do que o sábio Pitágoras dizia: “Educai as crianças e não será preciso castigar os homens”.  Invista-se, pois, na educação, informação, sensibilização para a cidadania e bom senso, a fim de evitarmos mais guerras e indizíveis sofrimentos que castigam os inocentes e os esquecidos de sempre!
Entre a denominação de “Pacifista” ou de “Utópico”, quantas vezes pronunciada com superior desdém e desprezo por alguns, e o de “Assassino” (politico, económico ou ...) a quem nada perturba o sono, eu já escolhi. E vocês, meus Amigos?

Mais: não aceito, não quero, não permito que os meus filhos, os biológicos e os do Mundo, sejam carne para canhão, numa guerra atómica ou outra qualquer, inventada e conduzida por objectivos iníquos. Este é o meu grito!

Ouçam-no, por favor, em nome de uma Humanidade que sonho e quero humanista e solidária.

Fernando Nobre

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