terça-feira, 7 de setembro de 2010

A TERRA GRITA - poema de Carlos Morais dos Santos

















A TERRA GRITA

A Terra grita de dor, dolorida
Com feridas abertas nas florestas
e rios agonizando exangues, sem vida
e os ares envenenados com agressões infestas

A Terra grita de dor, sofrida
vendo seus filhos morrendo, em extinção
de milhões de espécies já sem lembrança de vida
e os homens matando e matando-se sem paixão

A Terra grita de dor, muito sentida
com os senhores da guerra sem humanidade
que regem tudo pela ganância desmedida
sufocando a Liberdade, a igualdade, a fraternidade

A Terra grita de dor, já mal ouvida
por tanta indiferença, egoismo e demência
em que a verdade, a razão e o direito à vida
são desprezados cruelmente e sem decência

A Terra grita de dor, ressentida
por não se ter construído a Cidade Ideal
por se ter escarnecido Thomas More e a utopia perdida
e glorificado a razão da força e o poder brutal

A Terra grita de dor, remexida
e chora os seus filhos assassinados
em tantas guerras sujas de crueldade consentida
em nome das mentiras e dos valores atraiçoados

A Terra grita de dor, já doente e enfraquecida
arfando esmagada pelo peso das legiões
que se apressam pelos caminhos de terra exaurida
para saquearem o ouro negro das velhas civilizações

E as poderosas bombas que mataram inocentes
em Hiroshima, Nagasaky e em Saigão
são agora “mais cirúrgicas e decentes”
são”mais livres, democráticas e solução”...

são festejadas pelos Golias e pelos dementes
contra os David transviados sem remissão
e mesmo contra um mundo de descontentes
fala mais alto o ribombar do canhão

E os corações dos homens justos combatentes
pela paz, pela concórdia e pela razão
perdem a esperança e desfalecem já frementes
na utopia humanista de uma nova civilização

em que os Templos e as Obras eminentes
glorificassem a justiça, a fraternidade a união
numa Nova Cidadania mais premente
que com amor universal fosse a Globalização

 

Foto e Poema de:

Carlos Morais dos Santos

Poeta, ensaista e fotógrafo

Cônsul (Lisboa) da Soc.Intern. Poetas Del Mundo

Membro da Academia Portuguesa de Letras, Artes e Ciências

 

In Sossego Intranquilo, Hugin, 2003. 

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