sexta-feira, 29 de julho de 2011

BRASIL É PRIORITÁRIO PARA A PLÍTICA EXTERNA PORTUGUESA - DIZ MINISTRO PORTUGUÊS DOS N.E., EM BRASÍLIA



O ministro português dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, enfatizou na passada terça-feira (26), em Brasília, a posição prioritária do Brasil na política externa de Portugal. Uma “prioridade absoluta que não depende dos governos, nem dos partidos”, foi assim que Portas definiu as relações luso-brasileiras durante encontro com jornalistas.

Diplomacia económica, pragmatismo e reafirmação do cumprimento dos termos do acordo decorrente do empréstimo internacional  concedido recenetemente a Portugal estiveram no centro da abordagem feita pelo ministro à conjuntura portuguesa.

O chefe da diplomacia lusa e aliado do governo do primeiro-ministro Passos Coelho, do PSD, traçou as linhas fundamentais da crise económica e financeira que atinge o país, “obrigado a pedir ajuda externa por excesso de endividamento, excesso de despesa face à capacidade produtiva”.

Durante o almoço oferecido pelo embaixador de Portugal em Brasília, João Salgueiro, o ministro enfatizou que Portugal “vai cumprir o acordo, vai honrar a palavra” dada aos credores do empréstimo concedido pela “troika” (Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional).

Segundo Portas, “em Portugal há um consenso político muito largo” em torno do empréstimo e das políticas de austeridade a que ele obriga. “Oitenta e cinco por cento dos deputados apoiam o acordo”, disse.

Para o ministro e líder do partido CDS/PP (direita), “tem sempre um lado vexatório ter que pedir ajuda externa”, mas, “as crises são passageiras e as nações são permanentes”.

Paulo Portas apontou algumas das reformas que o governo pretende levar por diante e disse estar confiante na criação de condições para Portugal retornar a um ciclo de “crescimento e desenvolvimento”.

A tónica do seu ministério será colocada na diplomacia económica. Definindo-se como um “pragmático”, o ministro dos Negócios Estrangeiros defendeu como objectivos imediatos a construção de uma “âncora muito mais forte nas exportações, a promoção dos produtos e marcas portuguesas e a conquista de mercados”.

"Melhorar a percepção de Portugal no exterior"

“Sou muito focado em diplomacia económica. O essencial é construir uma excelente diplomacia económica e melhorar a percepção de Portugal no exterior”, disse. Mas, como fazê-lo, tendo em conta a crise, os cortes orçamentais, as dificuldades da Aicep (Agência para a internacionalização e comércio externo de Portugal)?, questionou o Portugal Digital. A resposta foi breve: “Optimizar e maximizar. Articular a rede comercial com a diplomática”.

Outro vector da política que pretende imprimir no MNE é o que chama de “diplomacia da língua”. A este propósito, Portas repete, em Brasília, o discurso feito em Luanda e Maputo, que visitou nos últimos dias. Refere o universo de falantes em português, o número de países e as numerosas comunidades, mas, “acima de tudo, realça, o português é falado em quatro continentes”, o que, na opinião do chefe da diplomacia portuguesa, é como um passaporte para a perenidade da língua “numa globalização em que nem todas as línguas vão sobreviver”.

A promoção internacional da língua e a divulgação da imagem de Portugal são algumas das apostas enunciadas por Paulo Portas. Para 2012, o “Ano de Portugal no Brasil e do Brasil em Portugal “, as expectativas são altas. O ministro disse desejar que os eventos que vierem a ser realizados “tenham nível, sejam exigentes”.


1 comentário:

  1. Sempre bem informado Seareiro: A postagem mostra um sopro de esperança de novos ares para o futuro econômico-financeiro-cultural português. Ao que tudo indica os novos dirigentes estão a ver de maneira mais abrangente a necessidade de aproximação com os países lusófonos, em especial o Brasil.
    Porém, nada, absolutamente nada, dará certo se não houver uma real política de contenção dos gastos da máquina pública - leia-se despedício de recursos oficiais com mordomias desnecessárias, impatrióticas, portanto, inadmissíveis.
    Torçamos para que tudo dê certo, para o bem dos portugueses espalhados por todos os continentes.

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