quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Estudo revela perfil do imigrante brasileiro em Portugal


No encontro científico “Migrações Internacionais: Brasileiros no Mundo", que decorreu em Lisboa, foram apresentados os resultados prévios de um projecto sobre os imigrantes brasileiros em Portugal realizado em conjunto pelo Centro de Investigação e Estudos de Sociologia (do Instituto Superior de Ciências do Trabalho e da Empresa de Lisboa), o Centro de Investigação em Sociologia Económica e das Organizações (do Instituto Superior de Economia e Gestão de Lisboa) e o Centro de Estudos Sociais de Coimbra.

O projecto, intitulado “Vagas Atlânticas: Brasileiros em Portugal”, está sendo desenvolvido desde Novembro de 2007 e deverá estar concluído em Janeiro de 2011.

Segundo a investigadora científica Beatriz Padilla, 1398 inquéritos foram aplicados, de Janeiro a Junho de 2009, numa amostra de imigrantes brasileiros, maiores de 16 anos, residentes em todo o país. O objectivo deste estudo foi, “através dos fluxos migratórios ao longo do tempo e da sua distribuição territorial, delinear as formas de integração e as perspectivas futuras do imigrante brasileiro que reside em Portugal.”

De acordo com o estudo, 84% dos imigrantes brasileiros que vivem em Portugal têm entre  20 e 44 anos e 57% são do sexo feminino. Além disso, grande parte destes imigrantes são bastante qualificados, visto que mais de 50% dos entrevistados disseram possuir o segundo grau e mais de 20% nível universitário.

Quanto à proveniência, a maioria dos imigrantes é oriunda do estado de Minas Gerais, seguido pelos estados de São Paulo e Paraná, respectivamente.

Se, por um lado, mais de 30% dos entrevistados disseram ter um companheiro(a) de nacionalidade brasileira, por outro lado, mais de 20% das mulheres brasileiras entrevistadas disseram ter um companheiro de nacionalidade portuguesa.

Quanto a inserção no mercado de trabalho e a mobilidade profissional dos imigrantes brasileiros em Portugal, a maioria destes imigrantes encontra-se no sector do comércio, alojamento, alimentação, transportes e similares; e os grandes empregadores em Portugal são as pequenas empresas.

No que diz respeito à integração dos brasileiros na sociedade portuguesa foi lembrado que, a maioria (76%) entra em Portugal como turista, sem precisar de qualquer tipo de visto. Vêm e ficam, maioritariamente, em alojamentos com outros imigrantes (33,3%) ou em casas de familiares, amigos ou conhecidos (21,2%).

A maior parte também revelou já ter sentido algum tipo de discriminação e 50,8% disse que os relacionamentos extra-profissionais se dão com pessoas da comunidade brasileira. 34,1% pretendem voltar para o Brasil; 30,2% ainda não sabem; e 17,2% tencionam permanecer em Portugal. Observou-se, porém, que os que pretendem voltar ao Brasil são os que mais se relacionam com a comunidade brasileira. Em contrapartida, os que tencionam ficar em Portugal procuram relacionar-se mais com a comunidade portuguesa.

Beatriz Padilla chamou atenção para o facto dos dados empíricos obtidos, “ilustrarem a diversidade dos fluxos migratórios, confirmarem a “feminização” desta migração; mostrarem que a qualificação média e média alta têm ultrapassado a baixa qualificação; e que as relações transnacionais têm ganho mais importância”.

O investigador português Jorge Malheiros também referiu a alteração dos fluxos migratórios, dizendo que estes, atualmente, têm envolvido mais idas e vindas entre Brasil e Portugal. Neste contexto, Durval Magalhães Fernandes, investigador da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais, lembrou que a posição brasileira diante da crise internacional tem sido de incentivo à decisão de retornar ao Brasil.

Sem comentários:

Enviar um comentário