sexta-feira, 28 de outubro de 2011

CONFERÊNCIAS DO ESTORIL 2011 - O ESCRITOR MOÇAMBICANO MIA COUTO SOBRE O MEDO - "COMEMORAR O MEDO: "MUDAR O MEDO: HÁ QUEM TENHA MEDO QUE O MEDO ACABE !"



http://youtu.be/jACccaTogxE


Trecho:


"O medo foi um dos meus primeiros mestres.Antes de ganhar confiança em celestiais criaturas aprendi atemer monstros, fantasmas e demónios. Os anjos, quando chegaram, já era para me guardarem. Os anjos actuavam como uma espécie deagentes de segurança privada das almas.Nem sempre os que me protegiam sabiam da diferença entresentimento e realidade. Isso acontecia, por exemplo, quando meensinaram a recear os desconhecidos. Na realidade a maior parte daviolência contra as crianças sempre foi praticada, não por estranhos,mas por parentes e conhecidos.Os fantasmas que serviam na minha infância reproduziam essevelho engano de que estamos mais seguros em ambiente quereconhecemos.Os meus anjos da guarda tinham a ingenuidade de acreditarque eu estaria mais protegido apenas por não me aventurar paraalém da fronteira da minha língua, da minha cultura, do meuterritório.O medo foi afinal o mestre que mais me fez desaprender..."
Leia na íntegra em:

http://pt.scribd.com/doc/66959016/Conferencia-Seguranca-Estoril-2011-MIA-COUTO


Mia Couto vencedor do Prémio Eduardo Lourenço 2011


O escritor moçambicano Mia Couto é o vencedor da sétima edição do Prémio Eduardo Lourenço, no valor de 10 mil euros, atribuído pelo Centro de Estudos Ibéricos (CEI)

BIOGRAFIA:

Filho de portugueses[2] que emigraram a Moçambique em meados do século XX, Mia nasceu e foi escolarizado na Beira. Com catorze anos de idade, teve alguns poemas publicados no jornal Notícias da Beira e três anos depois, em 1971, mudou-se para a cidade capital de Lourenço Marques (agora Maputo). Iniciou os estudos universitários em medicina, mas abandonou esta área no princípio do terceiro ano, passando a exercer a profissão de jornalista depois do 25 de Abril de 1974. Trabalhou na Tribuna até à destruição das suas instalações em Setembro de 1975, por colonos que se opunham à independência. Foi nomeado diretor da Agência de Informação de Moçambique (AIM) e formou ligações de correspondentes entre as províncias moçambicanas durante o tempo da guerra de libertação. A seguir trabalhou como diretor da revista Tempo até 1981 e continuou a carreira no jornal Notícias até 1985. Em 1983, publicou o seu primeiro livro de poesia, Raiz de Orvalho, que inclui poemas contra a propaganda marxista militante[3]. Dois anos depois, demitiu-se da posição de diretor para continuar os estudos universitários na área de biologia.


Além de considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance, publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos doze melhores livros africanos do século XX por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué. Em 2007, foi entrevistado pela revista Isto É[4]. Foi fundador de uma empresa de estudos ambientais da qual é colaborador[5].
Bibliografia:

Muitos dos livros de Mia Couto são publicados em mais de 22 países e traduzidos em alemão, francês, espanhol, catalão, inglês e italiano.


Poesia:

Estreou-se no prelo com um livro de poesia, Raiz de Orvalho, publicado em 1983. Mas já antes tinha sido antologiado por outro dos grandes poetas moçambicanos, Orlando Mendes (outro biólogo), em 1980, numa edição do Instituto Nacional do Livro e do Disco, resultante duma palestra na Organização Nacional dos Jornalistas (actual Sindicato), intitulada "Sobre Literatura Moçambicana".
Em 1999, a Editorial Caminho (que publica as obras de Couto em Portugal) relançou Raiz de Orvalho e outros poemas que teve sua 3ª edição em 2001.
A mesma editora dá ao prelo em 2011 o seu segundo livro de poesia, "Tradutor de Chuvas".


Contos:

Nos meados dos anos 80, Couto estreou-se nos contos e numa nova maneira de falar - ou "falinventar" - português, que continua a ser o seu "ex-libris". Nesta categoria de contos publicou:


Vozes Anoitecidas (1ª ed. da Associação dos Escritores Moçambicanos, em 1986; 1ª ed. Caminho, em 1987; 8ª ed. em 2006; Grande Prémio da Ficção Narrativa em 1990, ex aequo)


Cada Homem é uma Raça (1ª ed. da Caminho em 1990; 9ª ed., 2005)


Estórias Abensonhadas (1ª ed. da Caminho, em 1994; 7ª ed. em 2003)


Contos do Nascer da Terra (1ª ed. da Caminho, em 1997; 5ª ed. em 2002)


Na Berma de Nenhuma Estrada (1ª ed. da Caminho em 1999; 3ª ed. em 2003)


O Fio das Missangas (1ª ed. da Caminho em 2003; 4ª ed. em 2004)


Crónicas:

Para além disso, publicou em livros algumas das suas crónicas, que continuam a ser coluna num dos semanários publicados em Maputo, capital de Moçambique:

Cronicando (1ª ed. em 1988; 1ª ed. da Caminho em 1991; 7ª ed. em 2003; Prémio Nacional de Jornalismo Areosa Pena, em 1989)


O País do Queixa Andar (2003)


Pensatempos. Textos de Opinião (1ª e 2ª ed. da Caminho em 2005)


E se Obama fosse Africano? e Outras Interinvenções (1ª ed. da Caminho em 2009)


Romances:

E, naturalmente, não deixou de lado o género romance, tendo publicado:
Terra Sonâmbula (1ª ed. da Caminho em 1992; 8ª ed. em 2004; Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos em 1995; considerado por um juri na Feira Internacional do Zimbabwe um dos doze melhores livros africanos do século XX)


A Varanda do Frangipani (1ª ed. da Caminho em 1996; 7ª ed. em 2003)


Mar Me Quer (1ª ed. Parque EXPO/NJIRA em 1998, como contribuição para o pavilhão de Moçambique na Exposição Mundial EXPO '98 em Lisboa; 1ª ed. da Caminho em 2000; 8ª ed. em 2004)


Vinte e Zinco (1ª ed. da Caminho em 1999; 2ª ed. em 2004)


O Último Voo do Flamingo (1ª ed. da Caminho em 2000; 4ª ed. em 2004; Prémio Mário António de Ficção em 2001)


O Gato e o Escuro, com ilustrações de Danuta Wojciechowska (1ª ed. da Caminho em 2001; 2ª ed. em 2003), com ilustrações de Marilda Castanha (1ª ed. brasileira, da Cia. das Letrinhas, em 2008)


Um Rio Chamado Tempo, uma Casa Chamada Terra (1ª ed. da Caminho em 2002; 3ª ed. em 2004; rodado em filme pelo português José Carlos Oliveira)


A Chuva Pasmada, com ilustrações de Danuta Wojciechowska (1ª ed. da Njira em 2004)


O Outro Pé da Sereia (1ª ed. da Caminho em 2006)


O beijo da palavrinha, com ilustrações de Malangatana (1ª ed. da Língua Geral em 2006)


Venenos de Deus, Remédios do Diabo (2008)


Jesusalém [no Brasil, o livro tem como título Antes de nascer o mundo] (2009)


Prémios:

1995 - Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores Moçambicanos


1999 - Prémio Vergílio Ferreira, pelo conjunto da sua obra


2001 - Prémio Mário António, pelo livro O último voo do flamingo


2007 - Prémio União Latina de Literaturas Românicas


2007 - Prêmio Passo Fundo Zaffari e Bourbon de Literatura, na Jornada Nacional de Literatura


2011 - Prémio Eduardo Lourenço 2011[6]


  • Academia Brasileira de Letras
  • É sócio correspondente, eleito em 1998, da Academia Brasileira de Letras, sendo sexto ocupante da cadeira 5, que tem por patrono Dom Francisco de Sousa.
Trabalho como biólogo:

Como biólogo, dirige a Avaliações de Impacto Ambiental, IMPACTO Lda., empresa que faz estudos de impacto ambiental, em Moçambique. Mia Couto tem realizado pesquisas em diversas áreas, concentrando-se na gestão de zonas costeiras. Além disso, é professor da cadeira de ecologia em diversos cursos da Universidade Eduardo Mondlane (UEM).[1][7]

Referências1.↑ 

1.   http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=2922&op=all


2.↑ Cf. Biografia no site do Teatro D. Maria.


3.↑ Chabal, Patrick. ‘’Vozes Moçambicanas’’. Vega: Lisboa, 1994. (274-291)


4.↑ Furtado, Jonas. "Entrevista a Mia Couto", Revista Isto É, Editora Três, 2007-09-26. Página visitada em 2009-12-01.


5.↑ Mia Couto Biografia


6.↑ Informação na página do Centro de Estudos Ibéricos.


7.↑ http://www.ionline.pt/conteudo/64700-mia-couto-nao-levo-escrita-nem-biologia-muito-serio

Ligações externas

Artigo: "Exílio e identidade: uma leitura de Antes de nascer o mundo, de Mia Couto", de Shirley de Souza Gomes Carreira- UNIABEU


Artigo: "As páginas de terra de Mia Couto"


Artigo: O outro pé da sereia: o diálogo entre ficção e história na figuração da África contemporânea,de Shirley de Souza Gomes Carreira- UNIGRANRIO


Artigo: Mia Couto homenageado no Festlip


Folheto: 12th International Writers Festival: Mia Couto


Precedido por


David Mourão-Ferreira ABL Sócio Correspondente - cadeira 5


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