sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do Brasil, deve aprofundar a democracia brasileira

O primeiro-ministro português esteve ontem na tomada de posse da Presidente Dilma Rousseff


O ex-presidente do Brasil Lula da Silva que sai do seu posto com a maior taxa de aprovação do mundo de um primeiro dirigente democrático contemporâneo, indicou, apoiou e empenhou-se pessoalmente numa  campanha pessoal para que a sucessora indicada por ele - Dilma Rousseff - conquistasse a Presidência da República do Brasil, garantindo, assim, que o "Lulismo" tivesse continuidade e perpetuasse a sua obra política. 

Mau grado as inúmeras áreas sociais em que Lula da Silva não cumpriu as espectativas que alimentou, com as promessas da sua candidatura e no desempenho do seu cargo - tais como a diminuição da violência social, o combate à corrupção, as grandes melhorias na justiça, na saúde, numa educação para a literacia do séc. XXI e não, apenas, um alfabetismo simbólico que continua a ser uma iletracia funcional - e apesar de ter contribuído para a ascenção ao escalão base da classe média de mais de 20 milhões de brasileiros e ter  combatido com algum êxito a questão da fome, Lula da Silva deixa, mesmo assim, a Dilma Rousseff uma imagem de dirigente carismático, populista, com uma imagem interna e internacional, difícil de igualar.

Mas deixa também a grande expectativa de Dilma Rousseff não só conseguir continuar os aspetos positivos do Lulismo, como também de aprofundar a democracia, sobretudo nas áreas sociais, e em regiões do interior em que a pobreza, a ignorância e a falta de políticas públicas que promovam a ascenção de regiões, localidades e gentes, facilitam a conservação anacrónica e imoral do antigo coronelismo que submete fracos, compra votos e pratica a visível corrupção que resulta no despudorado enriquecimento pessoal de políticos.

Dilma Rouseff tem a grande oportunidade de se distinguir de Lula da Silva na concretização de medidas, políticas e estratégias que tornem o Brasil consideravelmente mais justo, mais seguro, mais equânime, com a educação, a justiça, a saúde pública e o desenvolvimento económico sustentável a beneficiar cada vez mais vastas camadas da população que ainda estão longe de uma vida digna e de realizarem a justa aspiração de ascenção a uma verdadeira classe média, definida não apenas como mais consumidora mas, sobretudo, como possuidora de competências e aptidões culturais e técnico-profissionais que a tornem detentora de uma verdadeira cidadania social e política, capazes de contribuirem para um Brasil de grande futuro e que seja exemplar para o mundo, em todos os planos. Esse Brasil é possível, assim Dilma Rouseff e os seus colaboradores e políticos apoiantes tenham a suficiente vontade, coragem e força política.


Dilma Rousseff não pode, portanto, limitar-se a garantir a continuidade do Lulismo. Ela tem de afirmar-se como um Novo Grande Agente Transformador e impulsionador do enriquecimento democrático de um país, como o Brasil, que tem todas as potencialidades de vir a ser um dos países da linha da frente de uma desejada Nova Era de Progresso assente no Desenvolvimento Humano e numa economia social ecologicamente sustentável, dinamizando um "Modelo de Ruptura" em relação aos perversos e falidos modelos de capitalismo feroz, ganancioso, neo-liberal sem controlo e sem responsabilidade social, causadores das mais infames crises que sempre só atingem os países mais refens desse capitalismo sem humanismo e as populações mais carentes e despreparadas para as grandes mudanças de paradigmas de que o mundo atual carece.

Para isso o Brasil tem de libertar-se da situação de refem da corrupção, mãe de todas as misérias e violências, inimiga demolidora da democracia, onde facilmente campeiam as corporações da droga, do tráfego de armas, assim como tem de regular e controlar as operações das gananciosas multinacionais que depois de sugarem o Brasil em mão-de-obra barata e com preços imorais ao consumidor, superiores aqueles que praticam em mercados de mão de obra bastante mais bem paga,  ainda beneficiam de leis que lhes favorece a exportação total dos seus lucros imorais, deixando para a fazenda pública as mínimas migalhas possíveis, que apenas possam pagar simbolicamente os favores recebidos a que o grande universo das PMEs brasileiras não tem acesso, apesar de representarem a esmagadora maioria do emprego.

Manifestações de solidariedade e esperança para com Dilma Rousseff vêm não só de grandes camadas da população brasileira mas também de muitos chefes de estado e primeiros dirigentes nacionais. Estão neste caso, as conversações que, antes e logo após a sua posse, foram tidas com vários chefes de estado. Destaco aqui o encontro com o primeiro ministo português José Sócrates que teve conversações em Brasília com a Presidente do Brasil Dilma Rousseff. 

Claro que, nesta fase, as primeiras conversações entre Chefes de Estado versam sobretudo,  aspetos mais pragmáticos da política e das relações entre estados, ou seja a formulação dos votos de continuidade e alargamento de cooperaçção económica. 

Mas é de crer que a pressão mundial para o desenvolvimento de "Uma Nova Ordem Económica, Política e Social" mais justa e sustentável, venha a confrontar-se com outra forte pressão no sentido da reconstrução do modelo que, agora, se auto-destruiu e estilhaçou provocando uma crise que avassalou o mundo como um verdadeiro "tsunami" de capitalismo financeiro neoliberal e de mercado de consumismo e oferta selvagem, sem controle e sem responsansabilidade social. 
O Brasil, pelo seu potencial económico e político será  suscitado para uma contribuição importante na construção de "Novos Paradigmas" que conduzam a uma necessária  transformação  que vá no sentido de "Uma economia Social de Mercado".

Os "olhos do mundo" estão, pois, virados na direção de Dilma Rouseff que tem, assim, a grande oportunidade histórica de não se limitar a garantir a continuidade dos aspetos positivos do Lulismo  e ir mais além, colocando o Brasil como um grande país, capaz de assumir um papel de liderança, pelo exemplo nacional interno e pela autoridade internacional que as suas transformações positivas  na direção de uma sociedade do "Bem-Estar e Ser", que suscitaria, certamente,  as solidariedades de muitos outros estados que já estão ou começam a estar trilhando esse caminho, como absoluta necessidade de sobrevivência e de construção de futuro redentor.    
 
Falando aos jornalistas na véspera do encontro, Sócrates nomeou como prioridades estreitar as relações políticas e económicas entre os dois países e afirmar o português no mundo.

Sócrates lembrou que a economia do Brasil está num processo de internacionalização e espera que as empresas brasileiras, a exemplo da Embraer, Votorantim e Camargo Correa, vejam Portugal como uma oportunidade.

“As principais empresas brasileiras estão a querer afirmar-se na economia global e nós gostaríamos que elas aproveitassem o facto de Portugal ser um país moderno e europeu para fazerem dali a sua base para a expansão global”, afirmou o primeiro-ministro à agência Lusa pouco antes da cerimónia da posse presidencial.

José Sócrates considerou ainda como estratégicas a parceria entre a Galp e a Petrobras e as presenças da Portugal Telecom no Brasil e da Embraer em Portugal, a qual lançará o país na indústria aeronáutica.

“É assim que se constrói um futuro comum. Não apenas com base no romantismo de uma história comum, o que nos interessa valorizar, mas principalmente olhando com confiança e juntando forças para competirmos na economia global”, sublinhou.

Questionado se, no encontro que teve no dia 02 com a nova Presidente do Brasil, discutiu a possibilidade de o Brasil vir a comprar títulos da dívida pública portuguesa, Sócrates negou.

“Não vou falar com Dilma Rousseff a propósito disso. O Brasil sabe muito bem o que fazer e não precisa de conselhos sobre como investir as suas reservas. Mas é verdade que o Banco do Brasil, no quadro das suas atividades, compra dívidas de Estados soberanos, e a prioridade que atribuirá à divida euro é matéria do Brasil”, respondeu.

Sócrates salientou ainda que, paralelamente ao aprofundamento das relações económicas, Brasil e Portugal devem levar a língua portuguesa para frente da batalha política.

“A responsabilidade histórica que cabia a Portugal de liderar a afirmação da língua portuguesa agora cabe aos dois países e, em particular, ao Brasil, que em breve terá 200 milhões de falantes em língua portuguesa. Estamos juntos nesta batalha de afirmação da língua portuguesa”, assinalou.

O primeiro-ministro português referiu ainda ter uma “excelente relação” com Dilma Rousseff e elogiou o Presidente cessante, Lula da Silva, que finaliza oito anos no poder com a aprovação de 87 por cento dos brasileiros.

“O Brasil no Governo do Presidente Lula transformou-se num país que quer ocupar o seu espaço na cena mundial e na economia global e isto dá a Portugal uma grande oportunidade”, concluiu Sócrates, apostando que Dilma Rousseff manterá a prioridade política para Portugal.


Carlos Morais dos Santos


1 comentário:

  1. Prezado Seareiro: Bem haja! Sua análise não poderia ser mais adequada, direi até PERFEITA!
    Vamos ver o que o Senhor da Razão, o TEMPO, nos dirá no futuro.
    Oxalá sejam seguidas, minimamente, as suas assertivas.
    Que assim seja!

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