quinta-feira, 8 de setembro de 2011

A CRISE PÕE EM CHEQUE A UNIÃO EUROPEIA Por Ricardo Noblat, consagrado colunista do Jornal Globo, do Brasil e Reflexão aprofundada sobre o tema por Carlos Morais dos Santos, escritor, ensaísta e poeta de Portugal


Fazemos vénia e damos os respectivos créditos ao consagrado jornalista-colunista Ricardo Noblat, do jornal brasileiro Globo, e ao seu Blog do Noblat, referidos em baixo. Além disso o Blog Noblat faz parte da Lista de Blogues que selecionámos, acompanhamos e recomendamos neste nosso PRO-CIVITAS UNIVERSALIS.

Como fonte do artigo de Ricardo Noblat, transcrevemos aqui, esse artigo do distinto jornalista com a sua visão e opinião sobre a União Europeia, por nos parecer de grande pertinência o seu texto no enquadramento da actual eufemísticamente chamada "Crise Europeia", que eu prefiro chamar de Crise de incompetência, de Valores, e de Líderes.

Crise agravada pela cupidez Cleptocrata que envenenou a economia mundial a partir dos EUA, e está a estoirar com países e equilíbrios políticos, crise desencadeada fraudulentamente pelos gananciosos e psicóticos grandes financeiros mundiais que, como cogumelos venenosos, medraram ao abrigo do Ultra-Neo-Capitalismo Financeiro norte americano, doutrinado pelas escolas de Boston, doutrinadas radicalmente pelas teorias de Milton Freedman e outros seguidores do actualizado radicalmente, sem regulação e controlo, antigo postulado do "láisser faire", que se espalhou por todo o mundo e que se auto-implodiu encharcando o mundo com falsos títulos de "engenharia de capital" (derivados e futuros), causando a maior fraude de toda a história do capitalismo.

O mínimo que eu poderia utopicamente aspirar com urgência, é de que precisamos urgentemente de conseguir reunir os capitalistas honestos e competentes deste mundo, e os verdadeiros empresários e empreendedores talentosos e honestos, numa Grande Cimeira Mundial, no sentido de lançarem um grande e vasto projecto de refundação da economia real, criadora de riqueza de útil valor acrescentado, assente no primado do Desenvolvimento Estratégico Sustentado, e não no proclamado postulado do impossível Crescimento interminável "ad infinito", baseado num consumismo alienante e auto destruidor da economia real, que tudo avassala, traga antropofagicamente, canabalizando agressivamente tudo quanto se lhe oponha, anulando como anulou, primeiro a economia, depois a política nobre a favor da Pólis e sequestrando tudo e todos com as armas da ganância e da corrupção.

O que nós precisamos, urgentemente é de recusar, denunciar e combater as obscuras, sinistras e estúpidas estratégias das grandes Centrais de Interesses, deste Capitalismo Financeiro sem escrúpulos, sem regulação e completamente desenfreado, que sempre acaba por implodir por não ser viável a sua sustentação a prazo e por causar sempre as mais graves crises económicas e sociais que conduzem à miséria, à fome, ao desemprego, às revoluções e movimentos de ódios violentos, como os terrorismos militantes e de estado, desaguando por fim em situações de impasse e vazio que promovem e causam as guerras, em que, tristemente, os vencedores são sempre os mesmos que as causaram e que sempre se erguem e ressuscitam para novamente reconstruir o estúpido, imoral e criminoso sistema que, sabem, novamente chegará a uma nova implosão que irá abrir um novo ciclo do enriquecimento especulativo, fácil, rápido, improdutivo.

Julgo que, talvez pela primeira vez na história da humanidade, se acumularam condições favoráveis a uma Revolução Política, Económica, Social e Cultural Global, que pode favorecer a reunião de condições para a erradicação deste sistema de Capitalismo Financeiro criminoso, orientado pela ganância estúpida e que tudo devora e destrói, em sucessivos ciclos de ataques especulativos, destruição, caos, compra de activos financeiros em baixa, retirada brusca de grandes fundos financeiros de investimentos em bolsas de valores mobiliários e imobiliários, regresso posterior em força de invasão de investimentos em golpes de compra para valorizações rápidas e fictícias desses títulos que, depois vendem especulativamente sobrevalorizados, acumulando gigantescas fortunas.

A perversidade do Sistema garante a impunidade dos responsáveis pelos seus abusos e até favorece qe seus operadores-especializados sejam os detentores de relações com os poderes político constituídos, de  privilégios, e conhecimentos que lhes permitem  voltarem a reconstruir o sistemas e suas perversidades e a provocarem as mais monstruosas agressões a países, nações, povos, enfim, à humanidade e aos equilíbrios sociais e ecológicos do planeta, provocando um infernal ciclo de permanente caos, que ameaça já a sobrevivência de cada vez mais vastas áreas do planeta e cada vez mais numerosas populações, que, em desespero de sobrevivência, já estão a invadir os territórios dos agressores, o que acaba por constituir uma ameaça para a salvação destes, que acabam por ter de viver cercados pelas multidões de vítimas, que emigram clandestinamente procurando os países de onde partiram, em muitos casos, as manobras exploratórias e causadoras dos seus males.
E, cada vez mais, os próprios algozes deste tráfego criminoso se vêm confinados e barricados nos seus condomínios de luxo fechados, ou a grandes propriedades super protegidas por sistemas de vigilância e segurança máximas, onde vivem quase como reclusos amedrontados.      .

Por um lado, a possibilidade do desenvolvimento mais ou menos paulatino e minimamente violento da progressão desse Movimento Reformista-Revolucionário, julgo, também, que resulta de vivermos hoje em dia, um momento da história da humanidade, que apresenta uma caracterização historicamente nova, porque é, a um mesmo tempo, esplendoroso, pela acumulação e rápido desenvolvimento e disseminação do saber, do conhecimento e desenvolvimento tecnológico, científico e cultural e, por outro lado, passámos a ser portadores de uma maior tomada de conhecimento e consciência colectiva das grandes questões e problemáticas que se colocam à humanidade em geral e às nações e populações em particular, o que está a fazer nascer e a ascender rapidamente UMA CIDADANIA GLOCAL,

Isto é, a visível ascensão de Uma Cidadania ao mesmo tempo consciente e capaz de ser participante e interventiva na vida pública local, e disposta a se sentir socialmente sensibilizada e motivada para intervir nas problemáticas Globais, porque é hoje mais claro para todos, o relacionamento e associação de realidades, ainda que de contextos sócio-políto-culturais diferentes, em que vivemos, e em que somos levados  partilhar e a comungar de formas de vida e convivência humanizada, neste mundo de globalização e de quase livre circulação e estabelecimento, de pessoas, e de iniciativas sócio-cívicas-culturais, de negócios e investimentos, de bens, serviços e instituições.
O próprio turismo, que jamais antes se desenvolveu a um nível tão democrático e de acesso a tão vastas camadas de população de níveis socio-económicos de classes antes incapacitadas para viajar, tem contribuído para o melhor conhecimento, compreensão e aproximação de culturas e de povos e suas identidades e aspirações comuns entre diferentes. É hoje mais possível "Unir o que é diverso; Juntar o que está disperso; Conciliar o que é diferente e oposto.

Por outro lado, o advento da Globalização das telecomunicações de livre acesso e utilização, que estão a edificar rapidamente uma consciência de Cidadania Mundial e de Movimentos de Solidariedade, que geram processos de consciencialização de mobilização social, civicamente organizáveis, assim como a multiplicação dos regimes e sistemas políticos democráticos que, embora, em muitos casos, apresentam entorses e derivas, porque são controlados pelas forças e poderes dominantes exploradores e gananciosos, que já estavam instaladas desde o passado autocrático-plutocrático-cleptocrático, assim como essas redes sociais globalizadas, podem tacticamente se aliar com rapidez, catalisando energias e novos poderes sociais de intervenção cívica.

Um bom exemplo disso é a ONG GLOBAL independente AVAAZ, de que faço parte, e que luta pelos Direitos Humanos e pela defesa ecológica do planeta, estar disseminada mundialmente e formular petições e protestos de grande envergadura e forte capacidade de pressão e influência pela internet, junto da opinião pública mundial e autoridades governamentais, por possuir e poder contactar e mobilizar rapidamente 9 milhões de membros aderentes.

Outro factor favorável a uma consciencialização cívico-política está em que, cada vez maiores camadas das populações do mundo se alfabetizarem - apesar do condicionamento mental e da "formatação" das mentes e opiniões, por uma comunicação social arregimentada pelo capitalismo financeiro, seus patrões, e pela persistência de  sistemas e modelos escolares de ensino que promovem paradigmas errados, ultrapassados, enganosos, que controlam os modelos de vida em sociedade e propagam uma doutrinação comportamental favorável aos responsáveis por este mundo imundo.

Em consequência, afinal, o Processo Histórico parece indicar que todas as condições e questões a que atrás me referi, estão a provocar e a evidenciar a emergência de profundas e grandes Revoluções dos Sistemas e Regimes, no sentido de se recuperar a procura de idealismos em que se erga o intemporal paradigma do primado da Liberdade, Igualdade e Solidariedade, agora GLOBAL E GLOCAL, dada a interdependência da Globalização, o que exigirá que se reconstruam novas formas de organização, estruturação, planeamento estratégico e funcionamento racional dos grupos de Cidadania Interventiva, que exerçam pressão e influência para que se recupere o elevado sentido ético e cívico do exercício da política como nobre função ao serviço generoso da Pólis, e se recupere também o verdadeiro sentido e responsabilidade social da economia real, criadora de riqueza, emprego e seja distribuidora socialmente justa dessa riqueza, no quadro de Um Novo Paradigma, assente no "Desenvolvimento Económico, Social, Cultural e Cívico, Estrategicamente Sustentável na Preservação e Renovação Ecológica" dos seus ciclos.

O Novo Paradigma, e seus respectivos Modelos Organizacionais e Funcionais que constituam Um Novo Conceito e Sistema Económico, deve induzir a criação também de Um Novo Regime Social Democrático que consagrem Constitucionalmente, o Sistema Económico-social e o Regime de Democracia Directa e Representativa não só baseada em partidos políticos, mas aberta à intervenção e acção cívivo-política de exercício de Cidadania por pessoas ou grupos organizados, e deve objectivamente por via Constitucional, impedir a reconstrução dos Regimes e Sistemas antes condenados eleitoralmente por terem sido causadores das grandes distorções, condenatoriamente, pela via de regulação, controlo e responsabilização jurídica, todas as tentativas de reconstrução e perpetuação do destrutivo paradigma do "Crescimento "ad limit", assente no estúpido, absurdo e destruidor "consumismo", alienante e factor de desagregação e marginalização social, promotor de ganâncias corruptoras criminosas, de competitividades agressivas e assentes na exploração do trabalho, causadoras de graves distorções e crises de profundas depressões e consequências, que acabam por conduzir à implosão destes sistemas, à destruição da vida e a todas as misérias humanas - desemprego, marginalização, fome, doenças - e agressões ecológicas que condenam e inviabilizam, já a curo prazo, a vida do próprio planeta.

Um Novo Paradigma, assente no "Desenvolvimento Económico, Social, Cultural e Cívico, Estratégicamente Sustentável na Perservação e Renovação Ecológica" dos seus ciclos,  que deveria promover, o desenvolvimento do máximo possível de auto-suficiências estratégicas entre as nações, principalmente no que diz respeito à produção de alimentos, de energias ecológicas renováveis, e de captação e uso de águas, com modelos de gestão baseados no conhecimento, na adequada formação técnico profissional, nos avanços da ciência e tecnologia, na gestão inteligente e racionalizada dos recursos e do eficiente Controlo de Qualidade Total, na Gestão da Minização de Desperdícios e no desenvolvimento das tecnologias de Reciclagem, numa Economia e Gestão da Produção de Bens e Serviços que deverá ser orientada por uma Filosofia Económica e Social de produção, uso e consumo em ciclos económica e tecnologicamente baseados em Ciclos de Vida Útil e de acordo com o desenvolvimento das necessidades e interesses dos consumidores, orientados por uma clara e honesta filosofia de Marketing.

Tudo Isto implicaria um Compromisso de Ética e Responsabilidade Social, em todos os agentes, operadores e consumidores, que pré-figuraria e instituiria UMA  NOVA ECONOMIA SOLIDÁRIA, entre as nações e os seus espaços solidários de associação e união, que não diminuaria os fluxos do comércio internacional de bens transacionáveis, pelo contrário, favorecia um Desenvolvimento Económico Mundial, mais justo e equitativo, por conduzir a um inevitável nivelamento do valor social do trabalho e do capital. 

Este percurso e Processo Histórico levaria a grandes reformas Políticas, Constitucionais, Jurídico Normativas, de Organização, Estruturação e Planeamento das funções do papel do Estado e dos Modelos e Sistemas Democráticos, da Reformulação, Organização, Estruturação e Funcionamento dos Modelos Educativos-Formativos, da Mobilização das capacidades de Investigação e Desenvolvimento de Ciência e Tecnologia, Dos Sistemas de Apoio Social e Assistencial na Saúde Pública, à Cultura e ao Desenvolvimento da Inovação e Criatividade, assim como à Regulação e Controlo por parte do estado dos resultados dos binómios custos-investimentos públicos e da vigilância, Regulação e Controlo das actividades económicas e financeiras, de modo a configurar-se Constitucionalmente e a consolidar-se um Regime de Democracia Directa e Livre, de modo a regressarmos aos ideais de Democracias Diretas e Representativas, em que os Partidos Políticos terão que perder a sua leonina e exclusiva detenção de poder representativo de toda a sociedade - hegemonia que, aliás, está em rápido e acentuado declínio como o demonstram os cada vez mais altos índices de abstenção em todo o mundo  e, por outro lado, a ascensão do poder da cidadania livremente organizada em movimentos de intervenção política, conforme o demonstram os mais importantes estudos de cientistas políticos de grande relevo, como Peter Meier. 

Assim, configurar-se-ia os ideais de um Regime Político assente numa verdadeira SOCIAL DEMOCRACIA, Constitucionalmente Consagrado, que atribuindo o justo e adequadamente equilibrado valor ao Capital, ao Trabalho e ao Mercado, desenvolveria uma dinâmica de criação de riqueza e sua justa distribuição, favoreceria a real solidariedade e cooperação para a coesão económica e social intra e inter todas as nações, o livre e justo desenvolvimento do comércio internacional, a maior e mais equilibrada, humanizada e solidária livre circulação e estabelecimento de pessoas, capitais, emprendimentos, empresas, institutos, escolas, culturas, artes e ciências, e a valorização da socialização e melhor compreensão entre culturas e pessoas, a modernização, e, tudo isto, também, sustentaria a Consagração Constitucional  Globalizada de um Sistema baseado numa ECONOMIA SOCIAL DE MERCADO LIVRE ÉTICA E SOCIALMENTE RESPONSÁVEL.

Este Sistema Económico, implica uma clara responsabilidade política, económica e social, o que recuperaria, também, a função de Desenvolvimento Social e Humano induzido pela Economia Real, a dignidade ética da Política e a importância inalienável das funções administrativas e de governança pública do que deve ser público e salvaguardado pelos próprios Estados Democráticos, afastando-os do sequestro em que se encontram cativos, envolvidos e emaranhados, em funções que ao estado não devem ser cometidas, libertando o Estado e a governação e seus agentes de pressões, influências, dependências leoninas e espúrias, promiscuidades, misturas e invasões de missões e de soberanias, corrupções, que têm vindo a constituir e a desenvolver um pântano poluidor e degradador de toda a vida e a condenar a Paz e a preservação do planeta, acumulando perigosamente cada vez mais factores incontroláveis de desenvolvimento da pobreza, da fome, de todas as clivagens e misérias, ódios, terrorismos, multiplicação de guerras localizadas e potenciação perigosa das probabilidades de mais uma GUERRA MUNDIAL, por se ter deixado degradar e perder a dimensão ética e cívica e a dignidade da consagração e entrega generosa ao serviço público, do bem comum, inerente ao  exercício da verdadeira política e dos verdadeiros políticos competentemente colocados ao serviço da PÓLIS E DA CONSTRUÇÃO DE UMA CIDADE-MUNDO MELHOR, MAIS SOLIDÁRIO, MAIS COOPERADOR, MAIS JUSTO E IGUALITÁRIO. 

A EUROPA, A UNIÃO EUROPEIA, pelas graves e terríveis lições que já sofreu ao longo de séculos e séculos de história desagregadora e hostil, e por ser um dos Grandes Centros de Irradiação de Civilização e Cultura do planeta, conseguiu, primeiro que qualquer outra região do mundo, depois da mais dura e devastadora 2ª. Guerra Mundial, dar corpo a um Grande Ideal, de que fazem parte muitos postulados filosófico-humanistas e paradigmas que acima enunciei, e ao chegar à Constituição da União Europeia, demonstrou que muitos dos idealistas utópicos que foram os brilhantes Líderes que estiveram na base da realização desse sonho que parecia de realização inatingível, afinal, provaram que quando os HOMENS SONHAM E QUEREM, A OBRA HUMANA COLECTIVA E SOLIDÁRIA NASCE E PODE PROGREDIR!

ASSIM FOI, DESDE OS PRIMÓRDIOS DA FUNDAÇÃO DA "UNIÃO EUROPEIA" - A Comunidade do Carvão e do Aço e, depois, a Comunidade Económica Europeia -C.E.E. - e é lamentável e altamente preocupante e perturbador que todo esse património de conquistas e realizações desses ideais, tenha depois cometido tantos erros de burocracia incompetente, derivas e desvios por sujeição aos poderosos interesses do Capitalismo Financeiro, e submissões e dependências de interesses privados poderosos, alguns que são de fora da própria Europa, assim como submissões ao poder dos interesses de Centros Políticos, Económicos e Financeiros privados, internos e externos.

É preocupante, perturbador e triste que analistas prestigiados e respeitados como Ricardo Noblat do Jornal Globo do Brasil, já denuncie a sua sagaz análise do estado da EU, fazendo ouvir a sua voz crítica, a partir de um país irmão solidário, de onde até há pouco tempo se cantavam e elogiavam com altissonantes loas, o grande exemplo do projecto da UNIÃO EUROPEIA, como inspirador para o mundo inteiro, projecto que motivou outras bem mais frágeis e incompletas formas de solidariedade e união entre nações de outras regiões do mundo que celebraram Uniões de Interesses Económicos, como os casos da NAFTA para os países da América Norte, da MERCOSUL, entre os países da América do Sul, e entre países da Ásia e da África.

E esta análise crítica, concordando-se inteiramente ou só em parte com Ricardo Noblat, bem o sabemos, ter sentido e consistência desde há alguns anos para cá e, sobretudo, desde o seu precipitado rápido e extemporâneo alargamento por entrada de um excessivo número de países sem prévia ajuda preparatória de cada um, em que o postulado que serviria de base ao Desenvolvimento colectivo equilibrado da UE foi aparentemente secundarizado, levando ao afastamento da fortalecedora coesão económica e social, criando e não tendo sido capaz de evitar a visão desagregadora entre países que pretendem ser mais dominantes e outros mais frágeis e periféricos,

Assim, a governação da EU não só não tem contribuído para a Federação solidária e igualitária de interesses e tem diminuindo-se e reduzindo-se ao exercício de gestão corrente de burocracias que, muitss bvezessobrepondo-se e impondo-se à própria governação da UE, que vai promulgando normas e directivas, muitas das quais, que mais competiam à Governação Soberana dos próprios Estados Membros deveria dizer respeito, mas de que estes estão já despojados desses inalienáveis poderes, por a governação burocrática da EU, se enredar na invasão desse espaço não Federativo, para ter em conta mais interesses privados e particulares de países mais dominantes e influentes, e de poderosos grupos e entidades.

Enquanto isso a EU tem sido desastrosa e incapaz de ter conseguido realizar uma PAC - Política Agrícola Comum justa e não destruidora da economia agrária de alguns dos seus membros em favor de outros, de não ter ainda conseguido concretizar UMA POLÍTICA EXTERNA COMUM, E UMA POLÍTICA DE DEFESA, FISCAL, E ORÇAMENTAL COMUM.

E, apesar de ter conseguido criar uma moeda comum - €URO - parece não conseguir realizar uma POLÍTICA MONETÁRIA COMUM e UMA POLÍTICA COMUM DE APOIO E DEFESA SOLIDÁRIA DO €URO, quando este é alvo de ataques especulativos que têm em vista arruinar as finanças e a economia da UE, com objectivos estratégicos de combater a competitividade da economia europeia e de  obterem enormes e repentinos lucros financeiros, como não tem tido a capacidade de colocar em prática um Sistema Assistencial e de Monitorização próprio para a consolidação de UMA POLÍTICA ORÇAMENTAL COMUM, que apoiada no BANCO CENTRAL EUROPEU  e no FUNFO DE ESTABILIZAÇÃO FINANCEIRA DA UE, dispensasse as intromissões de interesses estranhos e alheios, impositivos e desvirtuadores da solidariedade comum da UE, como são o F.M.I. - Fundo Monetário Internacional, cujas ligações preverás às agências de Rating Internacionais, privadas e maioritariamente de origem Norte Americana, ligadas às Corporações do grande Capital Financeiro, algum de origens pouco identificáveis e ao Banco Mundial, ambas estas instituições não europeias saõ controladas pelos interesses dos EUA. .

E, assim, vamos constatando e assistindo como o sonho dos idealistas utópicos da UE, que com grande inteligência, competência, generosidade, determinação, independência, ética e responsabilidade, como o pioneiro Jean Monet conseguiram demonstrar ao mundo de como é possível sonhar, realizar e cumprir um ideal, está agora a  ser abandonado, desfeito, atraiçoado, e à deriva de incompetências e interesses espúrios que já causaram a divisão de vários níveis de países e cidadãos da UE, isto é, uma UE a três ou quatro velocidades e uma UE com grupos de 1ª., 2ª. e 3ª, classes, chegando ao escândalo e desrespeito de alguns líderes de países mais fortes, mais influentes politicamente e mais ricos, assumirem posições que têm mais em conta os seus interesses e objectivos políticos pessoais, individuais, conjunturais e ao serviço de reeleições ou eleições de políticos, ou de seus partidos, e até a casos e situações em que alguns Países Membros se comportam, através dos seus líderes de ocasião, mais como anti-UE, colocando verdadeiros "paus na roda" do Desenvolvimento da UE, comportando-se como mais associados aos interesses dos concorrentes da UE, como os EUA, como tem sido, algumas vezes, o caso da própria Inglaterra.

É a constatação desta problemática inaceitável e condenável que até já é objecto da aguda análise do sagaz jornalista-analista-colunista experiente Ricardo Noblat que, como brasileiro, deve também lamentar esta situação por que passa agora a UE, tendo em conta a importância que a UE representa para as relações económicas e comerciais do poderoso motor de desenvolvimento desse país irmão de dimensão continental, que é o Brasil, o tal país emergente que, em poucos anos, se tornou já na 6ª. maior economia mundial, e que, nos seus últimos anos, desde as bases de governação estabelecidas pelo Presidente Fernando Henriques Cardoso, continuadas e aprofundadas pelo Presidente Lula da Silva e agora promissoramente dinamizadas pela Presidente Dilma Rouseff, que vendo em Portugal, país irmão e parceiro Membro da CPLP, uma excelente base-ponte para expansão dos seus interesses económicos e de trocas comerciais em condições favoráveis, a partir de Portugal, no que o nosso país teria bastante a lucrar com essa Aliança Estratégica, mas Ricardo Noblat vê na análise que faz, razões para se alarmar, denunciar e se preocupar, com esta situação só justificada pelo desgoverno, incompetência e debilidades de solidariedade, da antes exemplar e promissora UE, a grande esperança para o equilíbrio mundial e grande garante da Paz mundial  que não parece, assim, ficar tão garantida como foi sonhado conseguir com a chamada "Fortaleza Europeia da sua União", que assumiria uma autoridade moral no diálogo para o concerto das Nações, com um nível de importância que retiraria aos EUA a hegemonia imperial dessa liderança.

Como é óbvio que os EUA, também eles, estão fragilizados, vítimas dos erros cometidos pela cegueira das suas políticas de apoio ao Ultra-Radical Capitalismo Financeiro sem Regulação e Controlo, à solta, em assalto a verdadeiros jogos ilícitos a partir do Casino de Wall Street, ao mesmo tempo que se desindustrializava, motivado pela ganância exploradora que conduziu aos desastrosos "novos" paradigmas das estratégias de deslocalização das suas empresas para países onde poderia aumentar ainda mais a sua competitividade e os seus lucros, à custa da exploração de trabalho escravo, de mão de obra miseravelmente paga, em vez de continuar a desenvolver a sua competitividade baseada no valor acrescentado por desenvolvimento da inovação e criatividade tecnológica e da qualidade total dos seus produtos,  é natural que a Grande China que, antes, explorada, adormecida, tenha mesmo assim aprendido o que ía fazendo por encomenda para os EUA e, agora que acordou, venha a deslocar o centro de influência do domínio económico mundial para a Ásia, onde já existe o ex-líder Japão e novos emergentes países de grande desenvolvimento e progresso científico e tecnológico próprio e inovador, como é o caso da Coreia, das Filipinas, da Malásia, de parte da Índia, em conjugação com o papel de grande importância que o Grande Brasil também assumirá, pela América Latina, como um outro polo de dominância económica.

Só a China já se tornou a maior credora da dívida pública e privada dos EUA, que não só é a maior dívida soberana do mundo, como das que mais ultrapassaram em valor percentual sobre o próprio PIB, um índíce dos maiores do mundo e o maior peso sobre o Orçamento de Estado dos EUA. A China, por outro lado, detem as maiores reservas de dollars do mundo, e partilha esta posição de autoridade credora, juntamente com o Japão, embora nesta fase em posição inversa, isto é, superou largamente em valor desses créditos e reservas, o Japão que, antes, detinha a posição cimeira. 

Por outro lado, os grandes super-àvites conseguidos pelo Brasil, largamente positivo e excedentário nas suas balanças de transações, e continuando a sua economia a crescer a taxas altas que em alguns anos chegaram aos dois dígitos, tornou o Brasil, de um antigo devedor com dificuldades de pagamento e dependente das especulações abusivas dessa antiga posição de debilidade, em um rico, auto-suficiente e excedentário em sectores estratégicos. Passou a ser o maior produtor mundial de alimentos, importante exportador de outras matérias primas, minerais, máquinas, equipamentos, tecnologias de ponta aero-espaciais, o segundo maior constrrutor e exportador de aviões comerciais e de caças de guerra, um dos maiores produtores mundiais de petróleo, com as maiores reservas ainda não exploradas, o maior produtor e detentor de tecnologias próprias para uso de bio-combustíveis, como o alcool de cana de açucar, e os bio-diesel vegetais, além de grande produtor de gás natural, acumulando, assim, grandes reservas financeiras e em dóllars, tornando-se também um financiador e investidor global.

E é neste panorama em que a UE se vai deixando superar e afundar em divisões enfraquecedoras, incapacidades e incompetências para ocupar o lugar que lhe competia de uma das três maiores lideranças mundiais, que contribuiria para um mundo mais distribuído nos seus poderes e interesses políticos e económicos, uma região unida detentora do domínio das mais desenvolvidas ciências e tecnologias  obviamente, tornaria a UE nos dos mais importantes centros de imanação de equilíbrios e de diálogos de autoridade política contribuintes para a manutenção da Paz Mundial.
TENHAMOS AINDA ESPERANÇA QUE A EUROPA VENHA EM BREVE A ACORDAR, REALMENTE UNIDA

EUROPA

Foi em Tiro que teu régio pai Agenor
Te deu o nome e deixou brincar na praia
E foi lá que Zeus, deslumbrado, se perdeu de amor
Quando ainda em Creta eras a mais bela catraia

Da vontade de Zeus vivificada em teu fértil ventre
brotaram três frutos: Minos, Radamantus e Sarpedão
filhos do Deus dos Deuses, boa e divina semente
que divinizou teu ser inteiro e teu amante coração

Casaste com Astérius que adoptou teus divinos filhos
Tornaste-te Deusa Helótis que a Creta se deu de coração
Ao te endeusares esqueceste ser Europa… que sarilhos !
E a Nova Europa agora te redime com esta outra União

Será que esta nova Europa conseguirá ficar unida ?
Tão diversa na riqueza, na pobreza e no poder,
Tão discordantes os novos deuses que a tornam enfraquecida,
Tão grandes as dependências e as lembranças do sofrer ?

Esta formosa e jovem Europa tem uma nova mitologia
Julga-se amante de um novo Zeus que a defenda e proteja
Mas não é Zeus, é América, que te sequestra e em ti procria
Mas tu foste Deusa, tens riqueza e sabedoria que se inveja !

Foste tu e os teus filhos que ao mundo deram Luz e Beleza
Foi do teu ventre que saiu o melhor da antiga Globalização
Fizeste o Renascimento e o Humanismo com a riqueza
Dos grandes movimentos criadores dos direitos e da razão

Por isso, Europa bela, recusa seres Deusa de tantas cabeças,
De tantas pernas, tantos braços, tantas vozes e corações,
Sê tu própria, sem Zeus, forte, igualitária, e não te desmereças,
Sê una, humanista e solidária, no concerto de todas as nações !

( In livro de poesia “ Sossego Intranquilo”, Hugin Edit., 2003 )

Carlos Morais dos Santos
Professor Universitário
Consultor e Conferencista Internacional em Desenvolvimento Estratégico Sustentado
Escritor, poeta, fotógrafo
Cônsul (Lisboa) da Assoc. Intern. "Poetas Del Mundo"


 BLOGDONOBLAT
Carta Maior

O euro esfarela desde o início da crise, mas ontem ensaiou estrebuchar. A União Européia praticamente não faz mais jus ao nome. O laço monetário que a sustentava deixou de ser um trunfo para se consolidar em algoz.

A Grécia, submetida à terapia ortodoxa para manter a moeda única, naufraga numa recessão que deixará de pé apenas as ruínas antigas, no dizer dos oposicionistas. O PIB deve cair 5,5% este ano. O descrédito do país é tamanho que os credores exigiam, ontem, taxas de juros de 50% para rolar a dívida grega por mais dois anos.

Essa é a síntese do pacote de arrocho imposto pela Alemanha e o BCE que deveria escalpelar a sociedade para devolver a confiança aos investidores. A crise na Grécia já é abertamente política: governo, credores e sociedade não se entendem.

A exemplo do impasse em Atenas, a Itália patina nas mãos de credores que desacreditam da solvência de um país que deve 120% do PIB, é incapaz de arrecadar mais impostos da plutocracia, depende apenas de arrocho sobre os assalariados, tem um governante que se chama Berlusconi e está às voltas com uma greve geral que deve paralisar o sistema de transportes hoje.

Impasses semelhantes enfrentam a Espanha de Zapatero e Portugal de uma direita que se jacta de lubrificar a goela lusitana para injetar dois anos de recessão no metabolismo nacional. A crise aponta claramente as tarefas que se impõem.

A salvação da UE pressupõe uma socialização do resgate fiscal de Estados periféricos atingidos no contrapé pela crise mundial. São duas as providencias heterodoxos inadiáveis: a) arrecadar mais dos ricos e das grandes fortunas para desafogar o grau de endividamento de Estados capturados pelo rentismo no ciclo de alta liquidez neoliberal; b) lançar euro-bonus que diluam as fragilidades periféricas na força e da credibilidade das economia centrais, Alemanha e França , sobretudo.

Angela Merkel, porém, a dama-de-ferro conservadora, resiste em fazer da UE algo mais do que um quintal cativo das exportações germânicas. Nem o aço ortodoxo de que é feita, todavia, resiste mais à corrosão da maré vazante. Derrotada em sua própria base eleitoral nas eleições regionais de domingo último, Merkel deixou de ser referência (autoritária) de futuro para se transformar, ela própria, em fator de incerteza no presente.

Ontem, em meio à fúria dos mercados, ao contrário de emitir sensatez, sua voz conservadora disparou: " Se a Grécia sair do euro será um efeito dominó". No final do dias as bolsas de todos os países fecharam um dos pregões mais desastrosos da crise.

Em tempo: e ainda há na mídia demotucana quem, de posse plena de suas faculdades mentais, classifique como 'precipitada' a redução de meio ponto na taxa de juro brasileira. O que seria do país se essa lógica ainda fosse governo?

Fonte: 
Blog do Noblat -

1 comentário:

  1. Sempre atento Seareiro: Bem haja!
    Poucas vezes vimos uma análise tão perfeita, tão bem fundamentada sobre a situação da nossa querida Europa.
    Quiçá houvesse mais Seareiros, combativos, realistas, sábios mesmo, para benefício da união desta ora sofrida comunidade.
    Obrigadíssimo pelas lúcidas considerações.
    Fraternal abraço do "Lince da Malcata"

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