Vítor Alves, um Homem da Liberdade, um Capitão de Abril, um dos mais brilhantes e moderados ideólogos da Revolução dos Cravos, a insurreição militar e popular que encerrou, em 25 de Abril de 1974, uma das mais longas ditaduras da Europa do séc. XX, os tristes e obscuros 48 anos de "salazarismo" que mantiveram Portugal numa longa noite de atrazo face à maioria dos países europeus e em que a maioria dos portugueses defensores da democracia, dos direitos humanos e do progresso, que tinham a ousadia de expressarem as suas posições, arriscavam a liberdade e até a vida.
Vítima de doença prolongada, faleceu domingo (9), em Lisboa, aos 75 anos, o coronel Vítor Alves, um dos mais destacados integrantes do grupo de capitães que desencadeou a Revolução dos Cravos - 25 de Abril de 1974, instaurando no país um regime democrático. O funeral será realizado hoje.
Membro da direcção permanente do Movimento das Forças Armadas (MFA), ao lado de figuras como Otelo Saraiva de Carvalho e de Vasco Lourenço, Vítor Alves ficou também conhecido pelo seu estilo contemporizador no auge do processo revilucionário em Portugal.Pertenceu ao Conselho de Revolução e foi ministro dos II e III Governos provisórios.
Em 1982, foi nomeado conselheiro do então Presidente da República, Ramalho Eanes, ano em que passou à reserva como militar e foi extinto o Conselho da Revolução. Passou à reforma do Exército em 1991.
Durante a vida militar, esteve colocado em várias unidades, incluindo nas então colónias portuguesas de Angola e Moçambique, onde permaneceu 11 anos.
Recebeu em Portugal vários louvores e condecorações, entre os quais a Medalha de Mérito Militar e a Medalha de Comportamento Exemplar de Prata.
Vítor Alves foi nomeado para o cargo de ministro sem pasta em 1974, tendo exercido essas funções até 1975. Nessa qualidade foi responsável pelas pastas da Defesa Nacional e da Comunicação Social, tendo visto aprovada, por sua iniciativa, a primeira lei de imprensa pós-25 de abril, que vigorou até 1999. Foi também porta-voz do Governo. Desempenhou funções de ministro da Educação e Investigação Científica em 1975 e 1976.
Em 1985, foi candidato independente pelo PRD às eleições legislativas; depois, foi candidato à presidência da Câmara de Lisboa (1986) e ao Parlamento Europeu (1987). Participou na fundação da Associação 25 de Abril e posteriormente no conselho de acompanhamento do ministro da Justiça (1997-2000). Em 1983, Vítor Alves recebeu a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade. Era atualmente coronel na reserva.
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